EXAME/IDEIA: maioria da população ignora que vai ter eleição no Congresso
Cerca de 78% dos que não concluíram o ensino fundamental e 63% dos que ganham até um salário mínimo desconhecem a troca de comando na Câmara e no Senado
Carla Aranha
Publicado em 17 de janeiro de 2021 às 08h01.
Última atualização em 17 de janeiro de 2021 às 08h36.
A menos de duas semanas das eleições para a presidência da Câmara e do Senado, agendadas para o dias 1 e 2 de fevereiro, 57% dos brasileiros dizem não ter conhecimento sobre a troca de comando no Congresso. Apenas 30% sabem que novos líderes serão escolhidos para as duas casas.
É o que mostra uma pesquisa inédita EXAME/IDEIA ,projeto que une Exame Research , braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
O levantamento foi reailzado com 1.200 pessoas entre os dias 11 e 14 de janeiro.A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O desconhecimento em relação à troca de liderança no Congresso é maior entre a fatia da população com menos escolaridade e renda: 78% dos que não concluíram o ensino fundamental e 63% dos que ganham até um salário mínimo.
Aqueles que estão informados sobre as eleições na Câmara e no Senado estão na outra ponta da pirâmide socioecônomica. Cerca de 42% ganham mais do que cinco salários mínimos e 33% completaram o curso superior.
Entre os que acompanham o processo de eleição na Câmara, 14% sabem que o deputado Arthur Lyra (PP-AL) está na disputa e 11% conhecem o nome do deputado Baleia Rossi (MDB-SP).
O levantamento aponta que 78% dos brasileiros não sabem quais são os candidatos à eleição da Câmara e do Senado (81%). "Chama a atenção que um evento de relevância para o futuro do país seja tão desconhecido pela opinião pública", diz Maurício Moura, fundador do IDEIA.
A pesquisa também perguntou como os brasileiros avaliam o Congresso. Quase a metade dos entrevistados (49%) respondeu que considera como regular o trabalho dos parlamentares. Para 33%, o desempenho do Congresso é ruim ou péssimo. Apenas 13% dizem que é ótimo ou bom. Entre os descontentes, 40% concluíram o ensino fundamental, 36% moram no Sudeste e 39% ganham até um salário mínimo.
Os brasileiros com mais recursos financeiros e grau de instrução são os que mais atribuem um desempenho regular ao Congresso: 60% têm diploma universitário e 72% ganham mais que cinco salários mínimos.
Aprovação do governo
Enquanto o trabalho do Congresso é visto como regular por boa parte da população, a aprovação ao governo do presidenteJair Bolsonaro voltou a subir neste mês. Hoje, 37% dos brasileiros afirmam estar satisfeitos com a gestão federal, diante de35% no mês passado.
Na série histórica, o recorde de aprovação do presidente foi registrado em fevereiro de 2019, antes da pandemia, quando ele recebeu o aval de 45% dos brasileiros.
A pesquisa também mostra que o país continua dividido. Cerca de 37% desaprovam o governo, mesma proporção daqueles que se dizem satisfeitos. Outros 24% não têm uma opinião formado sobre o assunto e 2% não souberam responder.
“É preciso lembrar, no entanto, que os efeitos do fim do auxílio emergencial ainda não foram plenamente capturados pela opinião pública”, diz Moura, fundador do IDEIA. A pesquisa EXAME/IDEIA também mostrou que 70% dos brasileiros consideram que o auxílio emergencial deveria ser prorrogado.