Paulo Roberto Costa: ex-diretor da Petrobras apontou Renato Duque como beneficiário de propina em esquema de corrupção na estatal (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2014 às 18h47.
Brasília - Ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque informou que vai acionar na Justiça, por crime contra a honra, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, por apontá-lo como beneficiário de propina em esquema de corrupção na estatal.
Segundo ele, uma ação será ajuizada ainda nessa sexta-feira, 10, pois o delator o acusou "falsamente, e sem apresentar provas", de participar de um esquema ilícito envolvendo empreiteiras.
"Se ele (Paulo Roberto) falou alguma coisa no meu nome, vai ser processado. Não quero saber se ele tem tornozeleira, se ele é dedo-duro, não importa. Ele vai ser processado e vai ter de responder ao que está falando", declarou, acrescentando: "Tenho minha consciência tranquila, sei o que fiz e o que não fiz".
Em depoimento à Justiça Federal, após firmar acordo de delação premiada para obter redução de pena, Paulo Roberto afirmou que Duque recebia "valores" de fornecedores da Petrobras.
Segundo ele, empreiteiras pagavam o equivalente 3% do valor dos contratos ao PT. O esquema teria participação do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Questionado, o delator disse que Duque era um dos dirigentes que recebiam recursos ilegais.
"Dentro da Área de Serviços, tinha o diretor Duque, que foi indicado pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu. E ele tinha essa ligação com o João Vaccari dentro desse processo do PT", afirmou.
Paulo Roberto apontou também o ex-diretor Internacional, Néstor Cerveró, como um dos beneficiados.
Procurado, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que as declarações podem ter sido um "ato falho", pois seu cliente deixou o cargo em 2008, antes das supostas irregularidades investigadas na Operação Lava Jato terem ocorrido.
Segundo o advogado, Cerveró nega qualquer envolvimento no esquema e é necessário ter "cautela" em relação às denúncias, pois elas foram feitas por um Paulo Roberto "sob pressão".
"A delação não foi espontânea. Ele estava preso, sob a perspectiva de ter a família presa e processada. Na ânsia de voltar para casa, pode ter aumentado suas declarações para satisfazer ao Ministério Público e à magistratura", argumentou, acrescentando que o acordo, nessas condições, é "nulo".