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Eventual saída de Meirelles pode piorar inflação, diz professor da FGV

Segundo Cristóvão Pereira, “se o governo Dilma não fizer um ajuste fiscal e abandonar o rigor monetário de Meirelles, a coisa vai degringolar muito rapidamente"

Sem o rigor de Meirelles, os preços podem subir acima da meta de inflação (ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL)

Sem o rigor de Meirelles, os preços podem subir acima da meta de inflação (ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2010 às 10h55.

São Paulo - A eventual saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central pode causar descontrole da inflação principalmente se a atual política monetária for abandonada e não houver um ajuste fiscal.

A avaliação é do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cristóvão Pereira, que participou nesta segunda-feira (22) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

Uma reunião nesta semana entre Meirelles e a presidente eleita, Dilma Rousseff, deve definir o futuro do presidente do Banco Central. “Se for apenas uma retirada do Meirelles por incompatibilidade de gênios e a política for mantida, tudo bem. Mas, se a presidente eleita não fizer um ajuste fiscal e ainda abandonar o rigor monetário, teremos um total descontrole da inflação”, diz Pereira.

O professor acha estranho o desejo da presidente eleita de reduzir o juro sem o anúncio de medidas que possibilitem que isso ocorra. “Se você tem um descontrole fiscal sério, como é o caso do Brasil, você precisa financiar esse déficit público. E para financiá-lo, você tem que elevar os juros. Ninguém consegue baixar os juros na marra.”

Crise na Europa

Na entrevista, Cristóvão Pereira analisou o acordo do FMI com a Irlanda e salientou algumas preocupações com Portugal, principalmente em relação à transparência das contas públicas e à falta de ação do governo para reduzir o déficit.

“É uma questão cultural de Portugal e do Brasil. Nós temos inteligência suficiente para saber como resolver os problemas e curiosamente nós não gostamos de resolvê-los. Os portugueses deixaram essa cultura aqui no Brasil. A gente sabe a solução, mas não faz e fica buscando uma solução mágica que não exija sacrifícios, o que é impossível. Já os chineses, por outro lado, equacionam rapidamente os seus problemas.”

 

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