Etanol melhorou arrecadação dos municípios, diz Associação
Entidade que reune produtores de etanol nega resultado de pesquisa que relaciona o aumento na exploração sexual com a produção do biocombustível
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.
Brasília - A Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) contesta a pesquisa que aponta relação entre a expansão da produção de etanol e o aumento da exploração sexual em cinco cidades de Mato Grosso do Sul (Sidrolândia, Maracaju, Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante).
O presidente da entidade, Roberto Holanda Filho, disse que as usinas participam do projeto Vira Vida, do Serviço Social da Indústria (Sesi), que combate a exploração sexual e promove atividades para crianças e adolescentes que tenham sido abusadas.
Além disso, de acordo com o dirigente, as usinas que se instalaram nos últimos anos em Sidrolândia, Maracaju, Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante destinam anualmente cerca de R$ 3,3 milhões para projetos sociais que atendem mais de mil crianças e jovens de até 16 anos. Eles têm acesso a aulas de reforço escolar e de informática e à qualificação profissional, entre outros serviços.
Segundo Holanda Filho, a presença das usinas incrementou sensivelmente a arrecadação dos municípios e a disponibilidade de recursos para investimento na área social. Segundo ele, estudo em andamento na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) já demonstra os efeitos na receita dos municípios.
"Tive acesso a dados preliminares e pude ver que no município de Rio Brilhante o crescimento da receita variou em torno de 430%, de 2005 até hoje. Do total da arrecadação, 77% são oriundos do próprio setor sucroenergético", contabilizou.
A secretária de Assistência Social de Rio Brilhantes, Adriana Correia de Oliveira, contesta a metodologia da pesquisa. "Não concordamos com a maneira como a pesquisa foi conduzida. Não foi aplicado nenhum questionário, não foi feito de fato nenhuma pesquisa. As empresas [usinas] não foram sequer visitadas para saber o perfil dos empregados."
A secretária afirmou que o município "não sentiu" aumento da exploração sexual, como aponta a pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável - Centro Oeste (Ibiss/CO).
"Os casos mais relevantes que temos aqui são de negligência familiar e de violência psicológica, e não os casos de exploração e abuso sexual como foi induzido pelas pessoas que estavam coordenando o colóquio", disse Adriana, ao mencionar reunião que os pesquisadores do Ibiss/CO promoveram com gestores públicos no ano passado.
Ela informa que o aumento da arrecadação permitiu a oferta de mais moradia e a estruturação, no ano passado, do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas). De acordo com a secretária, o município tem conselho tutelar autônomo, eleito regularmente e fiscalizado pela Justiça e pelo Conselho Municipal de Proteção de Crianças e Adolescentes.
Uma análise feita pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à Universidade de São Paulo (USP), avalia que o setor sucroalcooleiro tem mudado de perfil com a mecanização das lavouras, diminuição do número de trabalhadores sazonais e imigrantes no corte de cana, aumento da faixa etária e da escolaridade dos empregados.
A Agência Brasil também tentou repercutir os dados da pesquisa com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) e a União da Indústria de Cana de Açúcar (Única), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
O estudo Impactos do Setor Sucroalcooleiro na Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em Mato Grosso do Sul foi encomendado pelo Comitê de Enfrentamento da Violência e da Defesa dos Direitos Sexuais de Crianças e Adolescentes de Mato Grosso do Sul (Comcex).
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