Azeites de Oliva: pesquisa aponta irregularidades em marcas (Wikimedia Commons/Silvio Tanaka)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 16h21.
São Paulo - Um estudo da Proteste - Associação de Consumidores com 19 marcas de azeite extravirgem vendidas no mercado brasileiro constatou que os rótulos Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real contém indícios de fraude e não podem ser considerados azeites, ao contrário do que suas embalagens sugerem, e sim uma mistura de óleos refinados.
De acordo com testes químicos feitos pela entidade, os produtos desclassificados receberam adição de outros óleos e gorduras, em proporções fora da legislação vigente.
A entidade afirma que irá notificar o Ministério Público, a Anvisa e o Ministério da Agricultura. "Cabe ao órgãos reguladores avaliar esta questão e retirar do mercado esses azeites que não condizem com as normas. Também pedimos que a fiscalização seja intensificada, para que os produtos sejam adequados às condições reais de informação em seus rótulos", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.
Segundo a pesquisa, apenas 8 dos produtos testados apresentam qualidade de extravirgem: Cardeal, Carrefour, Olivas do Sul, Cocinero, Andorinha, La Violetera, Vila Flor e Qualitá.
Outros sete (Gallo, Borges, Carbonell, Pramesa, Beirão, La Espanhola e Serrata) foram classificados como apenas virgens em teste sensorial feito por especialistas em azeite, ainda que se identifiquem como extravirgens em suas embalagens e anúncios publicitários.
Segundo a Proteste, uma das marcas avaliadas, a Borges, tentou obter censura prévia na justiça antes mesmo da divulgação dos resultados. O juiz Gustavo Coube de Carvalho, da Nona Vara do Fórum Central de São Paulo, negou a liminar. A Borges divulgou comunicado "contestando de forma veemente a metodologia e os resultados divulgados".
Segundo a fabricante, seu produto é avaliado e certificado em laboratório independente, credenciado pelo Comitê Oleico Internacional. "Temos todos os documentos oficiais que comprovam a qualidade do nosso produto – e, infelizmente, a Proteste não informa qual o laboratório responsável pelo seu teste, nem as condições em que a amostra do nosso azeite (e dos outros) foi colhida e transportada para verificação", disse a empresa em documento.
Já de acordo com a Carbonell, todos os lotes de produtos da marca são submetidos, antes do embarque, a um rigoroso controle de qualidade dos laboratórios do governo da Espanha credenciados e exigidos pelo Brasil. A empresa informou em comunicado ter realizado uma contraprova em amostra do mesmo lote analisado e "constatou, com total segurança, que as características do azeite correspondem a um produto extra virgem da mais alta qualidade".
Segundo Maria Inês, os parâmetros da análise foram rigorosos. "O intuito da nossa entidade é justamente avaliar as marcas existentes no mercado, principalmente para que os setores possam ser aperfeiçoados. O que não pode é que o consumidor continue a comprar produtos que afirmem ser o que não são", disse.
Procuradas pela reportagem, a Paladar Comércio e Representação de Produtos Alimentícios, importadora do Figueira da Foz, a Angel Indústria Exportação e Importação de Produtos Vegetais, importadora do Vila Real, a Sales Indústria e Comércio, importadora do Quinta d'Aldeia, não tiveram representantes localizados.
Confira o estudo da Proteste na íntegra: