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Estes dados mostram como é difícil achar vagas em creches no país

Dados fazem parte da pesquisa "Cuidado das crianças de menos de 4 anos de idade", divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira

Creches: 2,1 milhões de crianças de até 4 anos não conseguiram matrícula, embora os responsáveis tenham tomado ações e providências para conseguir vaga (ThinkStock/Thinkstock)

Bárbara Ferreira Santos

Publicado em 29 de março de 2017 às 10h00.

Última atualização em 29 de março de 2017 às 11h27.

São Paulo – Cerca de 4,7 milhões de crianças de 0 a 4 anos no Brasil não estão matriculadas em creches ou escolas , embora as famílias tenham interesse em fazê-lo.

Desse total, em 43,2% (2,1 milhões) dos casos, os responsáveis tentaram tomar alguma ação ou providência para conseguir uma vaga, mas não tiveram sucesso. O pior cenário é nas regiões Sudeste (54,6%) e Sul (57,3%), onde a demanda é maior.

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Entre as principais medidas adotadas para achar uma vaga estão entrar em contato com instituições de ensino e prefeituras (58,7%), se inscrever na fila de espera para vagas (37,3%) ou entrar em contato com parentes ou conhecidos que pudessem ajudar a conseguir a matrícula (3,8%). Em 0,2% dos casos, as tentativas incluíram entrar com uma ação judicial solicitando a vaga.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE , em uma pesquisa chamada "Cuidado das crianças de menos de 4 anos de idade", que consideram números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2015 .

Segundo o estudo, há 10,3 milhões de crianças com menos de 4 anos de idade no país.  Dessas, apenas 2,6 milhões estavam matriculadas em creches ou escolas em 2015, o que representa aproximadamente 25% do total.

Cerca de 13,7% dos domicílios do país têm a presença de crianças nessa faixa etária, atingindo uma proporção maior na Região Norte (18,2%) e valores menores nas Regiões Sudeste (12,3%) e Sul (12,2%). A incidência também é maior na zona rural (14,7%) do que na área urbana (13,5%).

Famílias com crianças de até 4 ano: menor renda e pior saneamento básico

O levantamento também mostrou que o acesso a saneamento básico é menor em domicílios com crianças nessa faixa etária (83,7%) do que naqueles sem nenhuma criança de 0 a 4 anos (85,7%).

A existência de rede coletora de esgoto ou fossa séptica caía de 81,2% em domicílios sem crianças para 77,1% em casas com crianças. Já a coleta de lixo registrava 83,7% e 81,8%, respectivamente, nos domicílios sem e com moradores de menos de 4 anos de idade.

Segundo o IBGE, foi detectada ainda uma diferença de renda entre as famílias com e sem crianças nessa faixa etária. Aquelas que possuem crianças de até 4 anos ganham, em média, R$ 715 per capita, valor equivalente a 53% daquelas em que não há esse perfil de moradores (R$ 1.348).

No Nordeste, essa diferença proporcional de renda baixava para 51,7%; e na Sul, entretanto, se elevava a 57%. A menor proporção no Nordeste se deve, segundo o IBGE, não apenas por a região já apresentar rendimentos mais baixos que a média nacional, como também por ter menos crianças dessa faixa etária na população.

Quem é responsável por essas crianças?

A pesquisa apontou que a maior parte das crianças de até 4 anos no país possui dois responsáveis (87,9%). No entanto, o levantamento mostrou que o primeiro responsável pela criança é, em 83,9% dos casos, uma mulher.

Além disso, a faixa etária desse primeiro responsável teve maior concentração nos grupos de 18 a 29 anos (48,4%) e de 30 a 39 anos de idade (37,2%).

As regiões Norte e Nordeste apresentaram a maior proporção de responsáveis entre 15 a 17 anos de idade: 3,8% e 3,1%. Também são as regiões com maior proporção de responsáveis de 50 ou mais anos de idade: 3,7 % e 3,1%, respectivamente.

Em que locais as crianças passam o dia: casa ou escola?

Os dados da pesquisa mostraram que, em 2015, a maior parte das crianças de menos de 4 anos de idade no País permanecia de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, no mesmo local e com a mesma pessoa (84,4% ou 8,7 milhões). Na região Norte, a proporção chegava a 90,5%; nas demais regiões, esse valor variava de 83,2%, no Nordeste, até 86,% no Centro-Oeste.

Nesses casos, enquanto 74,5% (ou 6,8 milhões) das crianças ficavam com um dos responsáveis na residência, 3,6% (ou 314 mil) ficavam com algum parente e 2,5% (ou 216 mil) com uma pessoa não moradora.

O IBGE afirmou ainda que, quanto mais nova a criança, maior era o porcentual de permanência no mesmo lugar e com a mesma pessoa. Com o avanço da idade da criança, crescia a proporção de permanência em outros locais, como creches em escolas.

A proporção de crianças que ficavam em outros locais, por exemplo, saltava de 3,5% entre crianças com menos de 1 ano de idade para 36,1% entre aquelas com 3 anos de idade. Já a permanência da criança no domicílio em que reside mostrava tendência de redução: 91,8% entre menores de 1 ano e 60,7% entre aqueles com mais de 3 anos.

A renda tem influência direta nessa escolha, segundo o IBGE. O rendimento médio per capita entre as famílias que deixavam as crianças durante a semana nos domicílios em que residem era de R$ 550.

Já entre as que optavam por outro domicílio além daquele que a criança reside era de R$ 813 enquanto as que preferiam creches ou escolas tinham renda de R$ 972.

A única exceção é a Região Nordeste, onde as famílias que deixavam os filhos em creche tinham rendimento menor (R$ 475) do que aquelas que deixavam as crianças durante todo o dia em outro domicílio além daquele em que elas residiam (R$ 578).

Entre as famílias que escolheram deixar a criança no mesmo local e com a mesma pessoa, o levantamento mostrou ainda que as razões de escolha do ambiente foram principalmente o fato de o espaço oferecer as melhores condições de cuidados, alimentação, afeto e segurança (76,7% dos casos). No entanto, em 3,4% dos casos a família não possuía condições financeiras para outras opções e em 4,7% era a única opção disponível.

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