Estátua de Borba Gato em chamas na avenida Santo Amaro, em São Paulo; manifestantes atearam fogo em protesto ao papel do bandeirante na escravidão de índios (Gabriel Schlickmann/IShoot/Estadão Conteúdo)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2021 às 16h04.
Última atualização em 24 de julho de 2021 às 19h21.
Manifestantes atearam fogo no início da tarde deste sábado, 24 de julho, à Estátua do Borba Gato, um dos cartões-postais da cidade de São Paulo, no bairro de Santo Amaro, na zona sul da capital paulista.
O fogo foi controlado, mas ainda não há laudo sobre a dimensão do impacto do fogo sobre a estrutura do monumento.
A motivação, segundo os manifestantes, foi protestar contra a homenagem a um bandeirante conhecido pelo papel de promover a escravidão de índios no século XVII.
O ato político de destruir, derrubar ou queimar monumentos erguidos em homenagem a figuras do passado que promoveram a escravidão, a segregação racial ou atos contra a humanidade ganhou força mundo afora, incluindo os Estados Unidos e países da Europa, há mais de um ano, desde a eclosão do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre).
Muitas prefeituras decidiram desde então remover tais monumentos, em uma espécie de correção histórica em tempos em que direitos humanos e igualdade de gênero e raça são cada vez mais valorizados.
Borba Gato (1649-1718) foi um dos bandeirantes mais conhecidos, junto com Raposo Tavares e Fernão Dias Paes. Eles lideraram expedições rumo ao interior, ajudando a abrir fronteiras de exploração, mas também escravizaram índios.
A estátua em homenagem ao bandeirante começou a ser construída em 1957 e foi concluída seis anos depois, em 1963. De autoria do escultor Julio Guerra, ela tem cerca de 10 metros de altura e fica em uma praça na Avenida Santo Amaro, uma das principais da capital paulista.