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"Está demorando para resolver", diz vice-presidente da Câmara sobre greve

Para Marcelo Ramos, governo já deveria ter usado a força e responsabilizado os líderes da manifestação dos caminhoneiros

Deputado Marcelo Ramos, ex vice-presidente da Câmara (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Deputado Marcelo Ramos, ex vice-presidente da Câmara (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 9 de setembro de 2021 às 16h08.

Última atualização em 9 de setembro de 2021 às 17h03.

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), acredita que o governo está demorando para resolver a greve dos caminhoneiros, que já está no segundo dia. A paralisação preocupa pela possibilidade de aumento de pressão inflacionária, em um cenário de inflação já crescente. Os líderes do movimento, na visão de Ramos, devem ser responsabilizados.

Para o deputado, que conversou com a EXAME nesta quinta-feira, 9, o presidente Jair Bolsonaro tem dado demonstrações de que não tem força e "explodiu todas as pontes" nas manifestações de 7 de setembro. Veja os principais trechos da entrevista:

 

Como o senhor acha que deveria ser conduzida a greve dos caminhoneiros?

Qualquer governo já deveria ter usado o que tem, que é a forca. Os líderes dessa manifestação têm de ser responsabilizados, porque não é contra A ou contra B, é contra o Brasil. Já temos a inflação sobre a cesta básica, gás, gasolina descontrolada. Uma paralisação gera desabastecimento e tende a gerar pressão inflacionária.

Acha que o presidente está agindo como deveria nessa situação?

Acho que está demorado para resolver, porque o presidente tem de se colocar agora não como militante de sua causa própria, mas como um líder do país. Isso para ele é muito difícil.

E os pedidos de impeachment, agora têm mais pressão?

Eu acho que ainda não tem pressão suficiente para o Arthur Lira ler. Até entendo a posição prudente dele. Não poderia existir na democracia situação pior do que ele ler e não ter os votos. Não tem ainda. Diria que hoje tem mais do que tinha antes do dia 7 de setembro.

Para Bolsonaro, foi uma manobra que não deu certo, então?

Foi. Conseguiu dar demonstração para o país de que não tem força para dar golpe. A quantidade de pessoas que ele colocou na Paulista, a Dilma colocou quando estava com a água no pescoço. Sob a lógica dele, mostrou que não tem forca para dar golpe. Sob a lógica democrática, explodiu todas as pontes.

Acha que muda a postura dele a partir de agora?

Acho que não muda, por um problema simples: ele sabe que não tem condições de dar respostas para os problemas do Brasil real, que não é crise entre os poderes, é desemprego, fome, preço do óleo, da carne, da energia. Ele sabe que não tem condições de dar resposta para isso e sabe que está eleitoralmente inviável. Para o Bolsonaro, só tem caminho fora da democracia, e ele vai fazer o possível para tentar abrir esse caminho. Mas não acho que vai conseguir.

O que se espera que ele faça a partir de agora? Ele mostrou que ainda tem apoio de uma parcela da população.

Nada. Espernear e criar crises até ultimo dia dele no governo. Tem um nicho que está se lixando para o Brasil, não importa preço, juros, inflação, 580.000 mortos, corrupção na compra da vacina. É uma questão meio messiânica, que não tem nenhuma racionalidade. Isso ele vai manter. Tudo que tenha o mínimo de racionalidade, ele perde.

E essa situação afeta a pauta da Câmara?

Acho que o ano legislativo acabou. Do ponto de vista de aprovação, não passa reforma. Como vai conseguir 308 votos? De oposição, tem uns 140 deputados. Tem PSDB indo para oposição, PSD vai acabar indo pra oposição, MDB também, Solidariedade também, Cidadania também. Se bobear, o DEM e o PSL vão para a oposição. E aí, como faz?

O que ainda podemos esperar deste ano?

Crises e mais crises. Confusões para justificar o governo dele. Ele precisa de crises que desfoquem os olhares sobre ele e sobre a incapacidade dele de governar.

 

 

 

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