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“Esse governo vai bater com a cara no muro”, diz Gleisi Hoffmann

Senadora petista afirmou que Meirelles não se preocupa com o povo, porque já está com o peru de natal garantido

Gleisi Hoffmann: "Não tem condições de Temer seguir adiante. Ainda mais, com as medidas econômicas que acabou de lançar” (Flickr/Senado/Divulgação)

Gleisi Hoffmann: "Não tem condições de Temer seguir adiante. Ainda mais, com as medidas econômicas que acabou de lançar” (Flickr/Senado/Divulgação)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 15h00.

Última atualização em 19 de dezembro de 2016 às 15h01.

Brasília - A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) não acredita que o presidente Michel Temer (PMDB) conseguirá se sustentar por muito mais tempo à frente do Palácio do Planalto. A petista disse em entrevista a EXAME.com que “esse governo vai bater com a cara no muro e não chegará nem a virar a esquina”.

“Não tem condições de Temer seguir adiante. Ainda mais, com as medidas econômicas que acabou de lançar. Impossível", falou a parlamentar. "Com delação envolvendo seu nome e de seus principais aliados, pior ainda. A saída seria a convocação de eleições diretas, mas como eles não vão aceitar, eu temo muito que a gente tenha uma intervenção nesse país.”

Irritada com a derrota da oposição diante da aprovação da PEC do Teto de gastos públicos no Senado, a petista classificou as medidas econômicas anunciadas pelo governo na quinta-feira (15) como “de quinta categoria”.

“Algumas delas são boas, mas não vão ter efeitos para o crescimento da economia. São medidas que colocam crédito à disposição de empresas e pessoas, mas não se preocupam com a questão da demanda. Você acha que as empresas que conseguirem resolver os seus problemas de endividamento e tiverem crédito, vão começar a investir numa economia que está cada vez mais falida? É muito difícil. É preciso estímulo para atrair investimentos. Quem pode investir agora é o Estado. São medidas contraproducentes. Por isso, são de quinta categoria. Elas vão contra os trabalhadores e contra a retomada do crescimento econômico”, disse a senadora.

Para ela, esse era o momento de o governo colocar mais dinheiro na mão dos mais pobres, aumentando Bolsa Família, parcelas do seguro-desemprego e salário mínimo, por exemplo. Indagada por EXAME.com se há dinheiro para isso, Hoffmann sugeriu que o governo aumente um pouco mais a dívida. "Estamos numa trajetória decrescente da nossa dívida pública. Qual é o problema de se aumentar um pouco a dívida e fazer medidas autênticas de estímulo à economia?"

Gleisi disse que a combinação da PEC do Teto com o novo pacote de medidas econômicas resultará na "desgraça total do país". "A PEC do Teto vai tirar recursos no médio e no longo prazo de programas sociais e de investimentos. Já as medidas econômicas vão tentar dar crédito e melhorar a performance de empresas e de pessoas, mas não vai cuidar da demanda. Não vai colocar dinheiro na economia”, afirmou Hoffmann.

Crítica do atual governo, a petista lamentou o fato de não ter conseguido emplacar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado o projeto que limita o spread bancário. “Por que temos juros de 480% no cartão de crédito se a taxa Selic é de 14%? Vai ganhar assim em outro canto, né”, afirmou.

“Em vez de se preocupar com o povo, o governo decide estabelecer medidas que prejudicam a população. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, só tem preocupação com o longo prazo, porque o peru da ceia de natal dele já está garantido."

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