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Escolas particulares de SP pedem prioridade na liberação total de máscaras

Citando estudos científicos, o documento diz que “o uso prolongado de máscaras em escolas inviabiliza trocas importantes entre os alunos e destes com os seus professores"

Volta às aulas: escola na região central de São Paulo retoma ensino presencial após quase dois anos 
de pandemia. (Daniel Guimarães/EducaçãoSP/Reprodução)

Volta às aulas: escola na região central de São Paulo retoma ensino presencial após quase dois anos de pandemia. (Daniel Guimarães/EducaçãoSP/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de março de 2022 às 20h29.

Escolas particulares de São Paulo enviaram carta ao governo em que pedem que os professores e alunos sejam priorizados na liberação total das máscaras no Estado. Citando estudos científicos, o documento diz que “o uso prolongado de máscaras em escolas inviabiliza trocas importantes entre os alunos e destes com os seus professores e traz prejuízos no desenvolvimento sócio-emocional infantil”.

A carta, a qual o Estadão teve acesso, é assinada pelo presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) e pela Organização Paulista de Escolas Particulares (Opep), que representam juntos cerca de 10 mil escolas paulistas.

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"Quem está sentindo o impacto dos protocolos na sala de aula com as crianças somos nós. As escolas não podem ficar só esperando o que lhes é imposto”, diz a representante da Opep e diretora da Senses Montessori School, Mariana Ruske Arantes Pereira. Segundo ela, a ideia é pedir que os ambientes escolares sejam os primeiros a serem liberados das máscaras quando o cenário epidemiológico permitir, caso o governo tenha que fazer escolhas sobre priorização.

"O quanto antes for possível retirar a máscara das crianças, melhor, mesmo que isso custe que os adultos sigam usando mais um tempo”, explica. Nesta terça-feira, 15, a carta será entregue em mãos ao secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. Foi ainda encaminhada aos gabinetes do governador João Doria e do secretário de saúde, Jean Gorinchteyn.

Na semana passada, Doria anunciou a liberação das máscaras em ambientes abertos, o que incluiu pátios e quadras esportivas das escolas. Mas a negociação para que as escolas também flexibilizassem os protocolos não foi fácil, como mostrou o Estadão. Havia membros do comitê de especialistas que assessoram o governo que acreditavam que ainda seria arriscado porque só cerca de 20% das crianças tomou a segunda dose.

A carta diz que “a educação não se restringe apenas a troca de conteúdo, mas envolve também a troca de experiências. É desenvolvimento humano, socialização, autoconhecimento”, prejudicados pelo rosto coberto. Cita ainda que “habilidades linguísticas e fonoarticulatórias, competências de comunicação e todos os demais processos e habilidades de socialização são diretamente impactados, justamente no período mais sensível de sua formação”.

Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina e a cidade do Rio liberaram as máscaras recentemente. Fora do País, o uso em escolas também têm causado polêmica e muitos Estados americanos passaram a desobrigar o uso. Na Flórida, os distritos que não seguirem as recomendações de retirar as máscaras das escolas deixarão até de ganhar recursos do governo. Recentemente, o Central for Disease Control and Prevention (CDC), órgão federal de controle de doenças americano, decidiu a proteção só será necessária em instituições que estão em locais onde há alto risco de transmissão,

Na ciência, os estudos ainda não são conclusivos. Uma pesquisa publicada em fevereiro por cientistas do Canadá e de Israel afirmou que a máscara causa “robusta piora” nas habilidades de reconhecimento facial das crianças, o que pode ter “efeitos significativos nas interações sociais e na habilidade delas de formar relações com os professores”. Por meio de fotos de pessoas com máscara ou não, a pesquisa testou a capacidade de alunos do ensino fundamental reconhecer expressões em rostos, considerado por estudos anteriores como importante para a percepção holística do outro, com emoções, vozes etc.

Outra pesquisa, publicada na revista científica Plos One, pediu que crianças identificassem sentimentos como felicidade, medo, raiva, tristeza e surpresa. A conclusão foi que “embora possa haver alguma perda de informação emocional, elas ainda conseguiram inferir emoções”

Na semana passada, Doria também disse que liberaria totalmente as máscaras no Estado em cerca de 10 dias se os indicadores de casos, internações e mortes continuassem a cair. O grupo, no entanto, teme que a desobrigação nas escolas possa ser protelada depois da polêmica em torno dos espaços abertos.

Mesmo com a liberação na quarta-feira passada há escolas particulares que ainda não retiraram as máscaras. Elas enfrentam resistência de pais ou professores que temem a transmissão. Muitas argumentam que não tem ainda a totalidade de seus alunos com esquema de vacinação completo.

Segundo os últimos números do Estado, houve queda de 42,2% nos casos de covid em todo ao longo da última semana e de 54% nos últimos 30 dias. As internações pelo coronavírus também caíram 28,5% e 76,6% nos mesmos períodos, enquanto os óbitos relacionados à doença diminuíram 56% no último mês.

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