Entrevista: Chalita quer Poupatempo para empresas de SP
Em entrevista à EXAME.com, candidato do PMDB à Prefeitura afirma que pode tornar a cidade menos burocrática para se fazer negócios e defende propostas para transporte
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2012 às 19h54.
São Paulo – Nem só de educação se fazem as propostas de Gabriel Chalita , candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo e ex-secretário Estadual da Educação.
Em entrevista à EXAME.com, ele afirma que a principal ideia para agilizar os negócios na capital paulista é o Poupatempo para pessoa jurídica, de modo que São Paulo seja uma cidade “mais objetiva”.
Atualmente deputado federal, Chalita gosta de se colocar como uma espécie de meio-termo entre PT e PSDB: alguém que mantém boas relações com o Governador Geraldo Alckmin – ele já foi filiado ao PSDB - e também com a Presidente Dilma Rousseff.
Ou seja, quer mostrar que os apoios para a cidade viriam de todos os lados.
Ele tem agora menos de 10 dias para convencer o eleitor. Em quarto lugar nas pesquisas, ele não revela quem apoiará caso não chegue ao segundo turno. “São Paulo tem um histórico de decidir eleição na última semana”, defende.
EXAME.com - O que São Paulo tem que oferecer para atrair ainda mais negócios?
Gabriel Chalita - Estive no MIT no ano passado, mostrando as oportunidades de São Paulo em uma conferência dos BRICs. E eles colocaram três pontos: insegurança jurídica, violência e educação. São Paulo tem que ser mais objetiva. Hoje o investidor, quando escolhe uma cidade para abrir uma empresa ou trazer um CEO, quer garantias. São Paulo está entre as 10 cidades mais ricas do mundo. E a segurança jurídica é um dos pontos que mais pesam para o investimento, mas a cidade não consegue ter isso hoje. Se você vai fazer um empreendimento imobiliário na cidade, às vezes demora 4 ou 5 anos para conseguir a aprovação das plantas. Depois da construção, demora mais 3 ou 4 anos para conseguir o habite-se.
EXAME.com - Como agilizar isso?
Chalita - Nossa proposta é ter o Poupatempo da pessoa jurídica. Você tem tudo na internet. Quanto mais você dá publicidade, maior é a tranquilidade de quem vai investir. Alvará tem que ser pela internet. Aquilo que se tem com vigilância sanitária, ligado à saúde, você até pode demorar um pouco mais para autorizar. Mas o resto é objetividade. Veja que em Hong Kong você demora um dia para abrir uma empresa. Em Nova York, 6 dias. Em São Paulo, 120 dias.
EXAME.com - E quanto à segurança?
Chalita - É a segunda coisa que as empresas analisam na cidade. E este é um trabalho que a Prefeitura tem que fazer junto com o Governo do Estado e o Governo Federal. É vergonhoso São Paulo ter ainda os índices de criminalidade que tem. Na nossa proposta, tem a criação de um centro chamado Olho Vivo, parecido com que o Rio de Janeiro fez com a Central de Operações, monitorando a cidade 24 horas por dia. E ali vão trabalhar a Polícia Federal, a Civil, a Militar, a Guarda Civil Metropolitana, o SAMU, o Corpo de Bombeiros e as concessionárias.
E o terceiro problema que as pessoas falam é da nossa baixa qualidade de mão de obra, de educação. A gente tem que começar a melhorar da base. É creche, educação infantil, escolas em tempo integral, o ensino médio junto com o profissionalizante para você conseguir gerar uma mão de obra mais preparada para esse novo mercado de trabalho.
EXAME.com - O desemprego entre os jovens é muito maior que no restante da população. Como a Prefeitura pode agir?
Chalita - São Paulo já foi a locomotiva do Brasil por ser a capital da indústria. Hoje a indústria não é mais a grande área que vai gerar emprego. Ela foi toda automatizada e muitas foram embora da cidade. Onde está o novo emprego de São Paulo? Na criatividade. Quando a gente fala em economia criativa, fala em indústria cultural. A indústria de games, da moda, da gastronomia, dos serviços. São Paulo tem que se preparar para os serviços – que já é a área que mais gera emprego - e ter uma política cultural muito forte. A gente quer fazer na cidade o Polo de Cinema de São Paulo, copiando um pouco o que Paulínia fez, mas maior. Ter ainda a Broadway paulistana, pegando uma parte da Mooca, do Brás e interligando com o Bixiga, fazendo o polo gastronômico da cidade. Isso vai atrair uma população de turistas muito maior.
EXAME.com - Considerando o limite orçamentário, o que dá para fazer em termos de transporte?
Chalita - Corredor de Ônibus. Não tem nenhuma cidade que tenha resolvido seus problemas com um modal só. O metrô é um modal importante e responsabilidade do Estado. A Prefeitura pode ajudar, mas precisa investir em corredor de ônibus. E corredor inteligente. Um exemplo nosso é o Expresso Zona Leste. Lá, o metrô está lotado porque não foi feito corredor. Você pode fazer linhas de ônibus expressas diretas. Você teria Guaianases direto para Sé, sem parar em nenhuma estação. E também Itaquera direto para Sé, Anhangabaú ou Barra Funda. Esses ônibus têm GPS acoplado ao semáforo. Quando ele vai passando, o semáforo vai abrindo. Você consegue então fazer o percurso de 18 quilômetros de Itaquera até o centro em 30 minutos. De carro, você demora uma hora e meia, dependendo do trânsito. Com esse expresso, uma parte da classe média vai parar de ir de carro, porque vai demorar mais. É assim que vamos fazer com que a população use mais o transporte público.
EXAME.com – E como funcionaria exatamente a proposta do Olho Vivo?
Chalita - O Rio de Janeiro tem 900 câmeras integradas. A gente tem hoje 200. Eles esperam ter mais 10 mil câmeras até o ano que vem. São Paulo tem 15 mil ônibus e você pode colocar câmera na parte externa de todos. Eles passam pela cidade o tempo todo, então você a tem sendo monitorada. Temos ainda os radares, em uma quantidade infinitamente maior. Se eles já têm a câmera para multar, você pode usar essa câmera para vigiar a cidade também. Outra coisa importante no conceito da segurança é iluminar a cidade. Qualquer cidade mundial que resolveu o problema da violência fala na política de iluminação pública, seja Nova York, Paris ou Londres.
EXAME.com - Saúde pública: qual a prioridade?
Chalita - Fazer funcionar o que existe, porque hoje você tem uma quantidade enorme de equipamentos de saúde que não têm médicos (para operar). O prefeito Kassab não fez nenhum hospital. Pretendemos fazer quatro. Um no Lajeado, na Zona Leste, um em Brasilândia, na Zona Norte, e dois na Zona Sul, no Campo Limpo e Parelheiros. Além disso, queremos construir as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) em São Paulo. UPAs são pequenos hospitais diferentes das AMAs (Assistência Médica Ambulatorial). Funciona 24 horas e tem tudo de urgência e emergência. Tem em todo o Brasil, com verba federal, e não tem em São Paulo. Então muita gente que vai hoje para Santa Casa ou Santa Marcelina não precisa ir se tiver um equipamento que resolva a sua vida ali perto. O hospital vai trabalhar com problemas de alta complexidade.
EXAME.com - Não sendo possível chegar ao segundo turno, o apoio vai para quem?
Chalita - Aí eu vou fazer uma reunião depois do primeiro turno para pensar nisso, porque por enquanto a gente tem muita expectativa, muita esperança de chegar ao segundo turno. São Paulo tem um histórico de decidir eleição na última semana. Foi assim em praticamente todas. A gente tem um bom projeto. Eu acho que as pessoas vão pensar muito se vale a pena colocar alguém sem projeto, sem experiência, ou se é melhor mudar, mas sem correr riscos.