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Entorno das arenas da Copa preocupa pessoas com deficiência

Chegar ao estádio com facilidade e segurança pode ser um desafio para quem quiser acompanhar os jogos do Mundial


	Crianças participam do primeiro evento teste da Arena Corinthians: pessoas com mobilidade reduzida estão preocupadas com entorno dos estádios
 (REUTERS/Paulo Whitaker)

Crianças participam do primeiro evento teste da Arena Corinthians: pessoas com mobilidade reduzida estão preocupadas com entorno dos estádios (REUTERS/Paulo Whitaker)

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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2014 às 15h27.

São Paulo - Apesar da previsão de um percentual mínimo de assentos destinados a pessoas com deficiências nos estádios, entidades que defendem os direitos de quem tem mobilidade reduzida estão preocupadas com o acesso a estádios e eventos durante a Copa do Mundo.

Chegar ao estádio com facilidade e segurança pode ser um desafio para quem quiser acompanhar os jogos do Mundial.

Para o gerente executivo da Associação de Deficientes e Familiares de Recife (Asdef), Normando Vitorino, chegar à Arena Pernambuco pode ser mais problemático do que se locomover dentro do estádio ao jogo. Ele diz que o local tem vagas em estacionamento em número adequado, mas a maioria das pessoas não vai de carro para o estádio.

“A estação de metrô fica um pouco distante do estádio, então a minha preocupação é se esses ônibus que farão a integração terão acessibilidade para cadeirantes e pessoas no geral que demandam de acessibilidade maior”, diz.

De acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) de Pernambuco, o serviço de vans do Projeto PE Conduz estará disponível nos dias de jogos para transportar pessoas com mobilidade reduzida do metrô e de pontos de estacionamentos até o estádio.

Para Vitorino, a situação das pessoas com deficiência na Copa não será diferente do dia a dia.

“Se hoje você tem uma dificuldade de acessibilidade no transporte público, no cotidiano de todas as cidades brasileiras, eu não imagino que vamos encontrar para a Copa uma situação mais favorável do que encontramos no dia a dia.”

A presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), Luiza Câmera, foi para a inauguração da Arena Fonte Nova, em Salvador, e considerou o estádio adequado no quesito acessibilidade.

Porém, ela ficou preocupada com o entorno da arena e o acesso das pessoas com deficiência por meio do transporte público.

“Temos um número significativo de presença dessas pessoas que vão querer assistir aos jogos, não vão querer estar excluídos. E a inclusão social não é só fazer a rampa, é estar lá, participar”, diz.

A dificuldade de acessar o estádio também é observada pelo promotor de Justiça Moacyr Rey. Ele diz que a acessibilidade nos estádios da Copa está contemplada, mas o entorno das arenas e o acesso até o estádio continuam com as deficiências que sempre existiram.

“As obras de mobilidade que poderiam melhorar a acessibilidade ainda não terminaram, e a acessibildiade já é ruim por si só, então somaram-se duas circunstâncias ruins. A vitrine dentro do estádio está ok, mas e o resto?”, aponta.

Segundo ele, em alguns lugares, a ida dos torcedores com deficiência até os jogos será facilitada com o transporte gratuito para o estádio, mas isso só resolve o problema provisoriamente.

“Fora da Copa, em outros eventos, essa estrutura não funciona tão a contento, então a pessoa tem que se deslocar sozinha. E nesse percurso até o estádio ainda tem problemas.”

A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) está acompanhando de perto o andamento das obras de mobilidade em estádios e aeroportos para a Copa do Mundo.

Ela diz que recebe reclamações de entidades de diversos estados relatando problemas na acessibilidade aos estádios, principalmente relacionados ao entorno das arenas.

“Não basta fiscalizar o estádio, o entorno, as calçadas que me preocupam, como as pessoas com deficiência vão chegar no estádio.”

Para a superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD). Teresa Costa d'Amaral, o Rio de Janeiro continua tendo dificuldades de acessibilidade em transportes, restaurantes, hotéis e casas de shows.

Em relação ao Maracanã, ela critica a falta de soluções para estacionamentos. “A questão da acessibilidade, para se tornar efetiva, deve ser incorporada à rotina de serviços e políticas públicas.

Eventos e jogos não mudam o padrão dos governos de negar à pessoa com deficiência o acesso aos seus direitos básicos como cidadã brasileira, mas essa realidade está evidente em todo o país”, avalia.

Para ela, a Copa não deixará legado para a população, assim como os Jogos Parapan-Americanos.

Segundo o Comitê Organizador Local (COL), foi adotada, em colaboração com as sedes, uma política de alocação de vagas para pessoas com deficiência nos estádios.

As vagas de estacionamento para esse público são limitadas, e as credenciais veiculares devem ser obtidas nos centros de ingressos das sedes, mediante comprovação da deficiência.

Em Salvador, não foi possível encontrar um estacionamento próximo ao estádio, então a sede irá prover o transporte do Shopping Barra até o portão de entrada da arena.

“Além das vagas oferecidas pelo COL, a grande maioria das sedes proverá serviço de transporte para pessoas com deficiência de um determinado ponto até o estádio”, diz o comitê. 

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