Empresário queria ajuda de Dilma, sugerem e-mails
Entre os e-mails interceptados na sede da Odebrecht pela PF, há mensagens que sugerem que Marcelo Odebrecht queria que a Dilma fizesse lobby do grupo
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2015 às 22h26.
São Paulo - Entre os e-mails interceptados na sede da Odebrecht pela Polícia Federal em meio à Operação Lava Jato, há mensagens que sugerem que o presidente da maior empreiteira do País queria que a presidente Dilma Rousseff (PT) fizesse lobby do grupo na República Dominicana. As correspondências eletrônicas tratam do encontro de Dilma com o presidente dominicano eleito Danilo Medina, em 9 de julho de 2012.
Na ocasião, a petista recebeu a visita do mandatário daquele País do Caribe. Na véspera do encontro, em 5 de julho de 2012, Marcelo Bahia Odebrecht - preso na Lava Jato desde 19 de junho de 2015 por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras - escreveu para o chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo, e para Anderson Dornelles, assessor especial da Presidência.
"Caros Giles e Anderson, peço o favor de entregar à Presidenta Dilma a nota em anexo referente ao encontro dela com o Presidente da República Dominicana, que segundo fui informado, será esta segunda, 9/7, pela manhã. Fico à disposição para qualquer informação adicional. Obrigado e forte abraço. Marcelo."
A 'nota' a que Odebrecht se referia continha um resumo da atuação e dos empreendimentos de sua empresa no País de Danilo Medina. O empreiteiro intitulou o documento de "ajuda memória da Odebrecht para a visita do presidente da República Dominicana". Ele destaca que o grupo "tem 6.112 integrantes locais, sendo 568 jovens engenheiros dominicanos".
Como exemplo de "nossa atuação e inserção social junto às comunidades, além da própria atuação empresarial sustentável", a Odebrecht cita programa de alfabetização de adultos, reforma e ampliação de escolas públicas, construção de unidade de beneficiamento de café, saúde bucal, entre outras iniciativas.
"Face a relevância de nossa atuação no País (República Dominicana) seria importante que a Presidenta Dilma possa em seu encontro próximo com o Presidente Dominicano recém eleito Danilo Medina reforçar: a confiança que tem na Organização Odebrecht em cumprir os compromissos assumidos; a disposição de, através do BNDES, continuar apoiando as exportações de bens e serviços do Brasil, dando continuidade aos projetos de infraestrutura prioritários para o País."
Ele assinala que o BNDES financia a exportação de bens e serviços para a República Dominicana desde 2002.
As trocas de e-mails demonstram que Odebrecht estava empenhado para que seu pedido chegasse, de fato, a Dilma. Às 13h21 do dia 6 de julho, a secretária da presidência da Odebrecht, Darci Luz, enviou e-mail para Alexandrino Alencar, executivo ligado à companhia, informando que "Marcelo enviou ontem à noite o documento para o Giles, para entregar à Presidente e está pedindo para o sr. confirmar com ele se recebeu e se conseguiu entregar a ela".
Na mesma mensagem, Darci Luz diz que ligou para a secretária de Giles "mas ele estava fora e como foi para o e-mail pessoal ela não soube me informar".
Defesa
"A Odebrecht esclarece que os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País - nos quais atua, em especial como investidora. A empresa lamenta, no entanto, a divulgação e interpretações equivocadas sobre mensagens sem qualquer relação com o processo em curso."
A assessoria de imprensa da Presidência da República ainda não respondeu aos contatos da reportagem.
São Paulo - Entre os e-mails interceptados na sede da Odebrecht pela Polícia Federal em meio à Operação Lava Jato, há mensagens que sugerem que o presidente da maior empreiteira do País queria que a presidente Dilma Rousseff (PT) fizesse lobby do grupo na República Dominicana. As correspondências eletrônicas tratam do encontro de Dilma com o presidente dominicano eleito Danilo Medina, em 9 de julho de 2012.
Na ocasião, a petista recebeu a visita do mandatário daquele País do Caribe. Na véspera do encontro, em 5 de julho de 2012, Marcelo Bahia Odebrecht - preso na Lava Jato desde 19 de junho de 2015 por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras - escreveu para o chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo, e para Anderson Dornelles, assessor especial da Presidência.
"Caros Giles e Anderson, peço o favor de entregar à Presidenta Dilma a nota em anexo referente ao encontro dela com o Presidente da República Dominicana, que segundo fui informado, será esta segunda, 9/7, pela manhã. Fico à disposição para qualquer informação adicional. Obrigado e forte abraço. Marcelo."
A 'nota' a que Odebrecht se referia continha um resumo da atuação e dos empreendimentos de sua empresa no País de Danilo Medina. O empreiteiro intitulou o documento de "ajuda memória da Odebrecht para a visita do presidente da República Dominicana". Ele destaca que o grupo "tem 6.112 integrantes locais, sendo 568 jovens engenheiros dominicanos".
Como exemplo de "nossa atuação e inserção social junto às comunidades, além da própria atuação empresarial sustentável", a Odebrecht cita programa de alfabetização de adultos, reforma e ampliação de escolas públicas, construção de unidade de beneficiamento de café, saúde bucal, entre outras iniciativas.
"Face a relevância de nossa atuação no País (República Dominicana) seria importante que a Presidenta Dilma possa em seu encontro próximo com o Presidente Dominicano recém eleito Danilo Medina reforçar: a confiança que tem na Organização Odebrecht em cumprir os compromissos assumidos; a disposição de, através do BNDES, continuar apoiando as exportações de bens e serviços do Brasil, dando continuidade aos projetos de infraestrutura prioritários para o País."
Ele assinala que o BNDES financia a exportação de bens e serviços para a República Dominicana desde 2002.
As trocas de e-mails demonstram que Odebrecht estava empenhado para que seu pedido chegasse, de fato, a Dilma. Às 13h21 do dia 6 de julho, a secretária da presidência da Odebrecht, Darci Luz, enviou e-mail para Alexandrino Alencar, executivo ligado à companhia, informando que "Marcelo enviou ontem à noite o documento para o Giles, para entregar à Presidente e está pedindo para o sr. confirmar com ele se recebeu e se conseguiu entregar a ela".
Na mesma mensagem, Darci Luz diz que ligou para a secretária de Giles "mas ele estava fora e como foi para o e-mail pessoal ela não soube me informar".
Defesa
"A Odebrecht esclarece que os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País - nos quais atua, em especial como investidora. A empresa lamenta, no entanto, a divulgação e interpretações equivocadas sobre mensagens sem qualquer relação com o processo em curso."
A assessoria de imprensa da Presidência da República ainda não respondeu aos contatos da reportagem.