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Esquema de bandas de forró pode ter sonegado meio milhão, diz PF

"Nesse segundo momento, no pagamento em dinheiro, é que a contribuição se perde", disse delegada

Dinheiro: quatro bandas de forró gerenciadas pela A3 são investigadas na operação (Bruno Domingos/Reuters/Reuters)

Dinheiro: quatro bandas de forró gerenciadas pela A3 são investigadas na operação (Bruno Domingos/Reuters/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 18 de outubro de 2016 às 18h02.

A Receita Federal estima em cerca de R$ 500 milhões a soma de tributos que não foram pagos pela A3 Entretenimento, empresa dona de bandas de forró sediada em Fortaleza.

Trinta e duas pessoas ligadas à companhia prestaram esclarecimentos hoje (18) na Superintendência da Polícia Federal (PF) do Ceará, como parte da Operação For All, deflagrada pela PF em conjunto com a Receita.

Segundo a delegada Doralúcia de Souza, que coordenou a operação, o esquema da A3 incluía outras 26 empresas, que agiam de forma coordenada com o intuito de justificar o dinheiro sonegado.

Segundo ela, a tática do grupo envolvia, entre outros esquemas, o pagamento antecipado das bandas de apenas uma parte (entre 20% e 50%) do valor acordado. A outra parte era recebida após o evento, geralmente em espécie, e não era declarada.

"Nesse segundo momento, no pagamento em dinheiro, é que a contribuição se perde. Esse é um mercado que cresceu muito e não tem um controle efetivo", disse Doralúcia.

Em 2012, por exemplo, o valor médio pago a uma das bandas por shows foi de R$ 150 mil. Segundo ela, dos cerca de R$ 500 milhões sonegados entre 2012 e 2014, R$ 121 milhões são relativos a negócios envolvendo as bandas.

Para o superintendente da Receita Federal no Ceará, João Batista Barros, a circulação de dinheiro em espécie entre os envolvidos com o esquema era bastante intensa e propícia à sonegação. "De 20% a 50% eram oficializados, o resto era pago em espécie e, logo que possível, aplicado em bens para dar materialidade àquele recurso para ele não ficar guardado embaixo do colchão."

Quatro bandas de forró gerenciadas pela A3 são investigadas na operação. Dentre elas, a Aviões do Forró, cujos vocalistas Xand Avião e Solange Almeida foram ouvidos hoje na sede da Polícia Federal em Fortaleza.

Ao todo, foram cumpridos 76 mandados, sendo 32 de condução coercitiva e 44 de busca e apreensão. Entre os itens apreendidos, estão R$ 600 mil em espécie. Além disso, 163 bens, entre veículos e imóveis em nomes de pessoas físicas e jurídicas foram bloqueados.

A Receita e a Polícia Federal investigam se o grupo também está envolvido com lavagem de dinheiro. Dentre os bens bloqueados, uma parte está em nome de possíveis laranjas: pessoas físicas e jurídicas relacionadas de alguma forma à A3. Além disso, alguns dos bens não foram declarados e outros foram declarados com valores abaixo do mercado.

Em nota, a assessoria de imprensa da A3 e da banda Aviões do Forró diz que a empresa "está à disposição da Polícia Federal e da Justiça e colaborará com todos os questionamentos em relação à operação".

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