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Embaixada do Brasil na Coreia tem abrigo subterrâneo

Apesar do agravamento da crise na região, o embaixador do Brasil na Coreia do Norte, Roberto Colin, diz que o clima em em Pyongyang é de "normalidade"

Segurança sul-coreano vigia passagem na alfândega da Coreia do Sul, ao sul da zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, em Paju, ao norte de Seul (REUTERS/Kim Hong-Ji)

Segurança sul-coreano vigia passagem na alfândega da Coreia do Sul, ao sul da zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, em Paju, ao norte de Seul (REUTERS/Kim Hong-Ji)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2013 às 06h46.

Brasília – Há quase quatro anos na Coreia do Norte, o embaixador do Brasil, Roberto Colin, disse à Agência Brasil que, apesar do agravamento da crise na região, sob ameaça de uma guerra nuclear, o clima é de “normalidade e nada se percebe de incomum”.

Ele ressaltou que, há dois dias, as Forças Armadas disseram que o governo dos Estados Unidos promove uma “política hostil” contra os norte-coreanos.

Por precaução, Colin, que está no país com a mulher e filho, além de um único funcionário do Ministério das Relações Exteriores, preparou um abrigo subterrâneo com gerador próprio para ser usado em caso de ataque.

“Nada parece ter mudado no comportamento da população local, nem dos poucos estrangeiros que aqui vivem. Naturalmente, a situação na Península Coreana é o principal tema de conversas”, disse.

A seguir, os principais pontos da entrevista de Colin, dada por e-mail.

O clima de tensão é presente no dia a dia do povo coreano?
Roberto Colin - O clima em Pyongyang [capital da Coreia do Norte] é de normalidade e nada se percebe de incomum na cidade. Tanto a imprensa escrita quanto a televisão têm dedicado espaço crescente à “construção econômica” .

O que vem a ser essa chamada “construção econômica”?
Há mais de uma semana, o jornal do Partido Comunista [norte-coreano], o Rodong Sinmum, dedica a primeira página exclusivamente às importantes decisões tomadas pela sessão plenária do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, no dia 31 de março, e da reunião da Suprema Assembleia Popular de 1º de abril quando, entre outras decisões, foi escolhido um novo primeiro-ministro, tido como reformista.

O senhor observou mudanças no comportamento das pessoas nas ruas e dos raros estrangeiros que vivem no país?
Nada parece ter mudado no comportamento da população local, nem dos poucos estrangeiros que aqui vivem. Naturalmente, a situação na Península Coreana é o principal tema de conversas nos encontros da comunidade.

Particularmente, como o senhor e sua família estão se preparando para uma eventual guerra envolvendo a Coreia do Norte?
Estamos em contato constante com nossos amigos no Corpo Diplomático, mas nada mudou em nossa rotina.

Meu filho continua indo normalmente à escola coreana para estrangeiros que frequenta. Temos um abrigo subterrâneo na Embaixada do Brasil e que esperamos não ter de usar. Também temos gerador próprio.


Autoridades norte-coreanas voltaram a procurar o senhor, depois do comunicado da última semana? O que disseram?
No domingo, dia 7, as Forças Armadas deram um briefing sobre a situação na Península Coreana, em que voltaram a responsabilizar a “política hostil” dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte pela crise atual.

O senhor se comunica com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ou com interlocutores dele com frequência, após o alerta do governo norte-coreano?
Estou em contato permanente com a chefia do Itamaraty desde o agravamento da situação. Para nós, são reconfortantes as manifestações de solidariedade dos colegas do Itamaraty, a começar pela chefia, como também dos amigos e parentes.

Meu funcionário, minha mulher e meu filho mostraram que são pessoas fortes e equilibradas, preparadas para os desafios próprios de nossa profissão.

Como o senhor faz para driblar a tensão pessoal, do seu funcionário e da sua família?
Eu vivi momentos de tensão e risco em Moscou, em 1993, com meu único funcionário, o oficial de chancelaria Antônio José dos Santos, também no Congo.

Em ambos os casos, o perigo era visível. Aqui a situação é diferente, de incerteza, porque é difícil avaliar o risco que realmente existe. Na embaixada, procuramos seguir a rotina, com a demanda adicional de trabalho que a situação impõe.

Em caso de uma crise, será possível adotar um plano de evacuação para os brasileiros que estão na Coreia do Norte?
Os únicos cidadãos brasileiros que vivem na Coreia do Norte hoje são a mulher do embaixador da Palestina e sua filha caçula. Na embaixada, somos minha família [mulher e filho] e um funcionário administrativo.

Não existe um plano de evacuação definido, mas em situação de emergência, a embaixada seria evacuada para Dandong, China, na fronteira com a Coreia do Norte, que está a quatro horas daqui por via terrestre.

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