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Em seu 7º partido, Alvaro Dias quer "refundar" República

Dias, de 73 anos, é formado em História e começou na política como vereador na cidade de Londrina, no norte do Paraná

Alvaro Dias: Dias, que é um defensor ferrenho da operação Lava Jato, foi citado por um dos delatores da operação (Waldemir Barreto/Agência Senado)
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Reuters

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 11h09.

São Paulo - O senador Alvaro Dias ( Podemos -PR) é um veterano da política, começou na vida pública em 1969 e quer, na eleição de outubro deste ano, comemorar os 50 anos de carreira política em 2019 vestindo a faixa presidencial com a promessa de "refundar" a República e romper com o modelo político atual, que ele classifica como um balcão de negócios.

Dias, de 73 anos, é formado em História e começou na política como vereador na cidade de Londrina, no norte do Paraná, depois de ser apresentador em programas de auditório de rádio e autor de radionovelas de sucesso no interior do Paraná.

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Atualmente no Podemos, antigo PTN, Dias está no sétimo partido de sua carreira político. Começou no MDB, quando o partido representava a oposição ao regime militar que governou o país entre 1964 e 1985. Passou também pelo extinto PST e por PP, PSDB, PDT e PV. Além de vereador e senador, foi deputado estadual, deputado federal e governador.

Com todo esse currículo político, apresenta-se no pleito eleitoral deste ano como a ruptura ao modelo atual da política. Em maio deste ano, durante sabatina realizada pelo jornal Folha de S.Paulo, pelo SBT e pelo portal UOL, recorreu a uma passagem bíblica para explicar esta aparente contradição.

"Eu conheço esse monstro nas suas entranhas e não gostei de conviver com ele. Aliás, no Velho Testamento, Jonas também não gostou de morar na barriga da baleia", disse, em referência à passagem bíblica sobre um profeta que chegou a ser engolido por uma baleia após desobedecer uma ordem de Deus, arrependendo-se depois e sendo salvo por Deus das entranhas do animal.

Dias costuma orgulhar-se de sua passagem à frente do governo do Paraná, entre 1987 e 1991 e coloca sua gestão, bem avaliada de acordo com o Datafolha, como exemplo do que pode fazer caso chegue ao Palácio do Planalto em janeiro do ano que vem.

O parlamentar evita rótulos ideológicos, não afirma ser nem de direita, nem de centro-esquerda, nem de centro-direita. Em entrevista à Reuters em abril disse que é "para frente que se caminha".

"Sou do chamado centro democrático progressista", disse o senador na ocasião em seu gabinete no Congresso.

Dias marcou sua atuação parlamentar por uma postura combativa em comissões parlamentares de inquérito que investigam escândalos e por uma retórica dura em denúncias de irregularidades no setor público.

Foi presidente da CPI do Futebol entre 2000 e 2001, quando ganhou notoriedade em meio às acusações de irregularidades na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em 2001 foi expulso do PSDB por ter assinado requerimento de criação de CPI que investigaria irregularidades no governo Fernando Henrique Cardoso.

Na ocasião, foi com o irmão e à época também senador Osmar Dias, que deixara o PSDB por ter assinado o requerimento, para o PDT. Em 2003, Alvaro Dias retornou ao ninho tucano, enquanto seu irmão permaneceu no PDT.

Dias também tornou-se crítico feroz dos governos petistas, especialmente em momentos em que enfrentavam denúncias de corrupção.

Ajuda do além

O discurso da ética, que Dias trouxe para sua segunda tentativa de chegar ao Planalto - tentou sem sucesso ser o candidato do PMDB em 1989, perdendo a candidatura para Ulysses Guimarães -, no entanto, não o eximiu de ver seu nome envolvido em escândalos.

Em 2009, o parlamentar foi um dos senadores envolvidos no episódio que ficou conhecido como "farra das passagens". Ele usou sua cota parlamentar de passagens aéreas para que familiares viajassem ao exterior. Na ocasião, ele negou qualquer irregularidade, disse que se tratou de uma compensação de despesas, pois em alguns casos precisou pagar do próprio bolso passagens para viagens a trabalho.

Mais recentemente, Dias, que é um defensor ferrenho da operação Lava Jato, foi citado por um dos delatores da operação. O caso, no entanto, foi posteriormente arquivado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

Dias, cujo atual mandato no Senado termina apenas em 2023, insistiu frequentemente que sua candidatura ao Planalto era irreversível e afastou a possibilidade de se aliar novamente ao PSDB, legenda que ele afirma ser um "sustentáculo" do modelo político que ele quer combater.

Agora com a candidatura confirmada, o senador poderá, quem sabe, contar ainda com uma ajuda sobrenatural para chegar ao Planalto no 50º aniversário de sua entrada na política, já que, no ano passado, um vidente paranaense famoso por aparecer em programas populares de TV o apontou como próximo presidente da República. Após a previsão, o vidente foi recebido pelo senador e gravou um vídeo com ele.

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