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Ministro do Trabalho é afastado pelo STF em investigação da PF

Helton Yomura foi afastado do cargo por decisão do Supremo; operação investiga suposta organização criminosa na Pasta

Helton Yomura, ministro do Trabalho: ele foi afastado pelo STF (José Cruz/Agência Brasil)
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Reuters

Publicado em 5 de julho de 2018 às 08h07.

Última atualização em 5 de julho de 2018 às 12h46.

O ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do cargo nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento em um esquema de concessões irregulares de registros sindicais pelo ministério, no âmbito de uma operação que também investiga deputados e que cumpriu buscas no gabinete de mais um parlamentar nesta manhã.

A terceira fase da operação Registro Espúrio, deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal nesta quinta-feira, também prendeu três pessoas e cumpriu mandados de busca e apreensão na Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro, no Ministério do Trabalho e na Câmara dos Deputados.

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Segundo a Procuradoria-Geral da República, os investigados "utilizam rotineiramente os cargos para viabilizar a atuação da organização criminosa e para solicitar tratamento privilegiado a processos de registros sindicais". A PGR não deu detalhes sobre as decisões judiciais porque as medidas cautelares são sigilosas.

De acordo com as investigações, uma organização composta por políticos, partidos, centrais sindicais e servidores é suspeita de atuar na concessão irregular de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho por meio do pagamento de propina.

Apenas pela liberação irregular de um único registro sindical houve pagamentos que envolviam valores que chegaram a 4 milhões de reais, de acordo com os investigadores.

A defesa de Yomura informou que vai tomar todas as medidas jurídicas cabíveis para que a decisão do ministro do Supremo Edson Fachin de suspendê-lo de suas funções no comando do Ministério do Trabalho seja enviada ao colegiado do STF para avaliação.

Yomura nega, segundo seus advogados, qualquer imputação de crime ou irregularidade, "mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado".

De acordo com a PF e o MPF, as investigações e o material coletado nas primeiras fases da operação Registro Espúrio indicaram a participação de novos envolvidos no esquema de corrupção no ministério, e apontam que importantes cargos da estrutura da pasta foram preenchidos com pessoas comprometidas com os interesses do grupo criminoso.

O deputado Marquezelli, cujo gabinete na Câmara foi alvo de buscas realizadas pela PF, afirmou a repórteres nesta manhã que não tem "nada a temer", e que foi informado por policiais que todos os deputados de seu partido serão investigados uma vez que a legenda administra o Ministério do Trabalho.

O Ministério do Trabalho não respondeu de imediato a um pedido de comentário, e o Palácio do Planalto disse que não vai comentar.

A operação Registro Espúrio foi lançada inicialmente no final de maio, quando a PF fez buscas nos gabinetes dos deputados Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB), além das sedes dos partidos PTB e Solidariedade e em centrais sindicais.

Na segunda etapa, lançada semanas depois, o principal alvo foi a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), que chegou a ser indicada no início do ano pelo presidente Michel Temer para ser ministra do Trabalho, mas não tomou posse porque a Justiça barrou seu nome sob alegação de que ela não tinha condições de assumir o cargo por ter sido condenada em processo trabalhista.

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse em nota nesta quinta-feira que a Executiva Nacional do partido colocou o comando do Ministério do Trabalho à disposição do governo, e reiterou que o partido apoia as investigações.

"Como já foi dito, se houve irregularidade na Pasta caberá aos responsáveis responder à Justiça por seus atos", afirmou. "Não concordamos, todavia, com inferências divulgadas antes que as investigações estejam concluídas."

 

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