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Em Manaus, desafio é desarticular redes de exploração sexual

Na capital amazonense, a correria para a Copa do Mundo não envolve só obras de mobilidade e infraestrutura

ONG alerta sobre exploração sexual infantil: em Manaus, barcos têm servido até de motéis (Reprodução/YouTube/PlanBrasilTV)
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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 10h25.

Manaus -Na capital amazonense, a correria para a Copa do Mundo não envolve só obras de mobilidade e infraestrutura.

No estado, marcado por graves denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes, a preocupação é evitar que esse crime ganhe novas vítimas durante o Mundial de futebol .

O Conselho Tutelar da região central e do porto da capital cobra mais vigilância e atuação integrada da rede de proteção de crianças e adolescentes.

Segundo a conselheira Daniele Soares, as meninas têm sido vítimas de crimes sexuais cada vez mais cedo.

“Aqui em Manaus a média de idade das meninas que são exploradas chega a ser 11 anos. Um absurdo! Mas existem pessoas que fazem com que essas meninas sejam exploradas.”

No Porto de Manaus, o silêncio impera quando o assunto é exploração sexual de crianças e adolescentes.

Comerciantes, transeuntes, viajantes, vendedores, ninguém ousa falar sobre o assunto.

O conselheiro tutelar Clodoaldo Santos revela que barqueiros lucram mais com as embarcações paradas em Manaus do que seguindo viagem.

É que os barcos têm servido de bares e até de motéis.

Nas diligências feitas pelo conselho foram encontrados meninos e meninas sendo explorados.

“Era um negócio mais lucrativo do que o barco andando. O consumo de bebida, a festa, tudo lá dentro.”

As meninas indígenas também são alvo da exploração sexual em Manaus, segundo a liderança Maria Alice da Silva Paulino, da etnia Karapãna.

“Eles [os aliciadores] chegam de uma forma assim facilitando tudo. [Os índios] acabam entregando as filhas para esse tipo de trabalho, o turismo sexual.”


Um dos caminhos para enfrentar as redes de exploração sexual e promover direitos é o esporte.

Vem do futebol experiências que estão mudando a vida de meninos na periferia de Manaus.

“A gente se orgulha quando eles chegam dizendo: 'professor, eu passei'.Os pais nos procuram também dando parabéns porque a gente está fazendo um bom trabalho e ajudando os filhos deles também”, disse o professor Clodomildo Mendes.

Com jeito simples e apaixonado pelo que faz, ele dá aulas, todos os dias, de manhã e de tarde, em uma quadra de terra, no Bairro Compensa, na zona oeste da capital amazonense.

Um de seus 170 alunos é Jerlisson Lima, 15 anos, que começou na escolinha no mesmo período em que tiveram início as obras da Arena da Amazônia, estádio que vai abrigar as partidas em Manaus.

“Eu vou falar a verdade: só vivia na rua. Comecei a jogar bola e saí. Estudo de tarde e venho pro treino de manhã e de noite. Ocupo meu tempo todinho, jogando bola e estudando.”

Mas não é só a Copa que tem incentivado o interesse das crianças de Manaus pelo esporte.

Para um grupo de indígenas do Alto Rio Negro, as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, são uma oportunidade de mudar de vida e chamar a atenção para o potencial dos adolescentes e das crianças indígenas do Brasil.

O grupo de 12 atletas mudou para Manaus para competir em uma modalidade bem parecida com o arco e flecha: o tiro com arco.

Anderson Santos da Costa, 15 anos, da etnia Cambeba, foi um dos selecionados para a arquearia olímpica.

“Eu não sabia que esse negócio de tiro com arco ia mudar a minha vida. Até eu entrar para a seleção brasileira”, destaca.

Há quase quatro meses, Nelson Silva de Moraes, de 14 anos, deixou sua aldeia, no Baixo Rio Negro, para se aventurar no treinamento. Ele usava um arco pequeno de madeira com cordas e, agora, domina um equipamento profissional.

Seu maior sonho é “ser campeão olímpico em 2016”.

O projeto que deu origem a esta reportagem foi vencedor da Categoria Rádio do 7º Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, realizado pela Andi, Childhood Brasil e pelo Fundo das Nações Unidos para a Infância (Unicef).

São Paulo - Embora a construção ou a reforma de estádios para a Copa do Mundo seja encarada como um dos legados que o Mundial deixará para o país, é inegável que as 12 arenas só estão prontas (ou quase) agora por causa do grande evento de junho. Não fosse isso, sabe-se lá quando o Brasil teria estádios modernos - cujos projetos foram feitos, aliás, de forma a atender ao padrão Fifa, que determina, entre outras coisas, o tamanho mínimo daqueles que podem ser palco de jogos especiais, como a abertura e a final.A partir destas considerações, EXAME.com levantou o custo das obras e dividiu pelo número total de jogos que cada estádio vai receber daqui a cerca de três meses. Chega-se, assim, às partidas mais caras da Copa.Sob esta perspectiva, cada jogo no Mané Garrincha, em Brasília , sairá por R 200 milhões.É preciso considerar que esta conta por jogo não inclui nenhum outro gasto além dos colocados diretamente nos estádios. Somados, o custo de todos eles ultrapassou R$ 8 bilhões, mas nem tudo é verba pública.Especialistas temem que alguns dos estádios se tornem elefantes brancos após a Copa, principalmente em lugares sem tradição futebolística. O governo defende, porém, que eles são agora arenas multiuso e que serão economicamente viáveis ao receber, além de jogos de futebol , shows e eventos.  O Mané Garrincha, por exemplo, já recebeu 5 eventos (3 shows internacionais entre eles) desde que foi inaugurado em maio de 2013 (além das partidas de futebol). Atualizado dia 11/3, às 11h45
  • 2. 1º Mané Garrincha (Brasília) - R$ 200 milhões por jogo

    2 /13(Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

  • Veja também

    Custo do estádio: R$ 1,4 bilhão Número de jogos: 7 (incluindo um nas oitavas, semi final e disputa pelo 3º lugar) Jogos da 1ª fase: Suíça x Equador, Colômbia x Costa do Marfim, Camarões x Brasil, Portugal x Gana.
  • 3. 2º Maracanã (Rio de Janeiro) - R$ 170 milhões por jogo

    3 /13(Tânia Rego/ABr)

  • Custo do estádio: R$ 1,19 bilhão Número de jogos: 7 jogos (incluindo um nas oitavas, semi-final e a grande final) Jogos da 1ª fase: Argentina x Bósnia e Herzegovina, Espanha x Chile, Bélgica x Rússia, Equador x França
  • 4. 3º Arena da Amazônia (Manaus) - R$ 167,3 milhões por jogo

    4 /13(REUTERS/Bruno Kelly)

    Custo do estádio: R$ 669,5 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: Inglaterra x Itália, Camarões x Croácia, EUA x Portugal, Honduras x Suiça
  • 5. 4º Arena Pantanal (Cuiabá) - R$ 142,5 milhões

    5 /13(REUTERS/Stringer)

    Custo do estádio: R$ 570 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: Chile x Austrália, Rússia x Coréia do Sul, Nigéria x Bósnia e Herzegovina, Japão x Colômbia.
  • 6. 5º Arena Corinthians (São Paulo) - R$ 136,6 milhões por jogo

    6 /13(Divulgação/ Odebrecht)

    Custo do estádio: R$ 820 milhões Número de jogos: 6 (incluindo um nas oitavas e uma semi-final) Jogos da 1ª fase: Brasil x Croácia, Uruguai x Inglaterra, Holanda x Chile, Coréia do Sul x Bélgica
  • 7. 7º Arena Pernambuco (Recife) - R$ 106,5 milhões por jogo

    7 /13(REUTERS/Ricardo Moraes)

    Custo do estádio: 532,6 milhões Número de jogos: 5 (incluindo uma oitava de final) Jogos da 1ª fase: Costa do Marfim x Japão, Itália x Costa Rica, Croácia x México, EUA x Alemanha.
  • 8. 8º Arena das Dunas (Natal) - R$ 100 milhões por jogo

    8 /13(Portal da Copa)

    Custo do estádio: R$ 400 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: México x Camarões, Gana x EUA, Japão x Grécia, Itália x Uruguai
  • 9. 9º Arena Fonte Nova (Salvador) - R$ 98,6 milhões por jogo

    9 /13(Governo Federal/Portal da Copa)

    Custo do estádio: R$ 591,7 milhões Número de jogos: 6 (incluindo um nas oitavas e um nas quartas-de-final) Jogos da 1ª fase: Espanha x Holanda, Alemanha x Portugal, Suiça x França, Bósnia e Herzegovina x Irã
  • 10. 10º Arena Castelão (Fortaleza) - R$ 96,4 milhões por jogo

    10 /13(Danilo Borges/Portal da Copa)

    Custo do estádio: R$ 518,6 milhões Número de jogos:6 (incluindo um nas oitavas e um nas quartas-de-final) Jogos da 1ª fase: Uruguai x Costa Rica, Brasil x México, Alemanha x Gana, Grécia x Costa do Marfim.
  • 11. 11º Arena da Baixada (Curitiba) - R$ 82,5 milhões por jogo

    11 /13(Divulgação/ CAP)

    Custo do estádio: R$ 330 milhões Número de jogos: 4 (todos na primeira fase) Jogos da 1ª fase: Irã x Nigéria, Honduras x Equador, Austrália x Espanha, Argélia x Rússia.
  • 12. 12º Beira-Rio (Porto Alegre) - R$ 66 milhões por jogo

    12 /13(Evandro Oliveira/PMPA)

    Custo do estádio:R$ 330 milhõesNúmero de jogos: 5 (incluindo um das oitavas de final)Jogos da 1ª fase: França x Honduras, Austrália x Holanda, Coréia do Sul x Argélia, Nigéria x Argentina
  • 13. Veja agora quais são os estádios da Copa que mais utilizaram recursos públicos

    13 /13(Divulgação/ Consórcio Maracanã 2014)

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