Temer: os tucanos comemoraram a escolha de Aloysio Nunes e viram a iniciativa de Temer como uma chancela para integrarem o "núcleo decisório" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2016 às 15h27.
Brasília - Horas de depois da confirmação oficial da indicação do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) para liderança do governo no Senado, integrantes da cúpula do PSDB se reuniram nesta terça-feira, 31, para um jantar com o presidente em exercício, Michel Temer.
O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer, e da parte do governo também esteve presente o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e o presidente interino do PMDB, senador Romero Jucá (RR).
O único da bancada do PSDB do Senado que não participou do jantar foi o senador Antônio Anastásia (MG).
O mineiro considerou que não seria conveniente se reunir com Temer no momento em que é o relator do processo de impeachment da presidente afsatada Dilma Rousseff na Casa.
No encontro, os tucanos comemoraram a escolha de Aloysio Nunes e viram a iniciativa de Temer como uma chancela para integrarem o "núcleo decisório" do governo interino.
A escolha do senador para a liderança do governo foi comunicada pessoalmente por Temer, na véspera do jantar, ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Com a palavra no jantar, Aécio defendeu a recriação de uma aliança permanente entre os peemedebistas e os tucanos no âmbito do governo federal.
"Queremos alicerçar um novo centro político PSDB-PMDB. O PSDB não veio para ser coadjuvante. Se fosse para sê-lo ficaríamos apenas no camarote vendo tudo acontecer. Mas não é isso. Acreditamos que a indicação de Aloysio para a liderança do governo será um elo para trazer o PSDB para o centro decisório do governo Temer", ressaltou Aécio ao jornal O Estado de S. Paulo.
O discurso do senador mineiro foi encampado também pelo líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) que esteve presente na reunião.
"No encontro, tivemos a oportunidade de mostrar a importância do gesto do Aloysio como fator de integração e participação do PSDB no núcleo central e decisório do governo. O fato é que nós fomos dormir no centro da oposição e acordamos, no dia seguinte ao impeachment, na periferia do governo. Muitas vezes você ser centro da oposição é melhor do que ser periferia de governo", ressaltou Cunha Lima.
Apesar dos discursos de um alinhamento com o PMDB no âmbito nacional, tanto Aécio quanto o líder do PSDB no Senado consideraram que ainda é cedo para se falar em uma aliança formal para a disputa presidencial de 2018.
Cunha Lima minimizou, contudo, a mudança do discurso adotado pelos tucanos que inicialmente ressaltavam que não indicariam nenhum representante da legenda para participar do governo Temer.
Além da liderança do governo, o PSDB conta hoje com o comando de três ministérios de peso: Justiça, Cidades e Relações Exteriores.
"Não foi o partido que impôs ou indicou o Aloysio ou os ministros, foi uma escolha do presidente Temer. Essa é uma construção que se faz no dia a dia como num matrimônio", afirmou o líder do PSDB.
O tucano não desconsiderou, por outro lado, o surgimento de possíveis desgastes com o fato de o PSDB levar, a partir de agora, o carimbo do governo do PMDB.
"Fica com carimbo, sem dúvida. Para usar uma expressão bastante conhecida o risco que corre o pau, corre o machado. Mas não é hora de pensar em projeto partidário ou pessoal. A situação do País exige que todos nós assumamos riscos. Tem um risco enorme é inegável, o PSDB paga um preço por isso, mas acima de tudo isso está o Brasil", defendeu.