Exame Logo

Em entrevista, Lula afirma que não tem medo de ser preso

Lula chamou as investigações de pessoas próximas a ele e "coisas normais de um País democrático"

"Não temo ser preso porque eu duvido que alguém nesse País que diga que teve uma conversa comigo ilícita", disse Lula (Nacho Doce/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2015 às 21h01.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não temer ser investigado e até preso em consequência da Operação Lava Jato ou da Zelotes, da Polícia Federal.

"Não temo ser preso porque eu duvido que alguém nesse País, do pior inimigo meu ao melhor amigo, do empresário pequeno ao grande, que diga que teve uma conversa comigo ilícita", disse em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT Brasil.

Lula chamou as investigações de pessoas próximas a ele, como seu ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho e seu filho, Luís Cláudio, de "coisas normais de um País democrático" e que são possíveis graças à independência dada pelo seu governo para instituições como Polícia Federal e Ministério Público Federal.

O ex-presidente repetiu ainda o discurso de ser filho de mãe que morreu analfabeta e que lhe deixou o patrimônio de "poder andar de cabeça erguida".

"Combater a corrupção é obrigação, não é mérito", afirmou ao lembrar que desde o auge da crise do mensalão adotou o discurso de se investigar e punir quem quer que seja.

Apesar da fala favorável aos trabalhos de investigação, Lula argumentou que o País vive na "República da suspeição", em que pessoas são condenadas pela opinião pública pelo simples levantamento de suspeitas.

"As instituições, que são fortes e poderosas, têm que ter responsabilidade, cuidar para não criar uma imagem negativa de uma pessoa sem ter provas", afirmou.

"Nem tudo que o delator fala tem veracidade. É preciso que não se dê um voto de confiança ao bandido e um voto de desconfiança ao inocente", completou.

O ex-presidente reforçou que, ao longo de seu governo, desconhecia o esquema de corrupção na Petrobras.

"Não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, e olha que sou o presidente que mais visitou a Petrobras. Nunca ninguém me disse que tinha corrupto na Petrobras, essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai."

Lula falou rapidamente de seu amigo pecuarista José Carlos Bumlai. "Se ele teve situação indevida vai ficar provado ou não", disse.

Bumlai é acusado pelo delator Fernando Baiano de receber propina para intermediar negócios na área do petróleo e repassar valores a uma nora de Lula.

Governo Dilma

O ex-presidente sustentou que Dilma Rousseff foi "vítima do sucesso de seu primeiro mandato".

Na entrevista ao SBT Brasil, Lula disse que, no primeiro governo, Dilma apostou em políticas de desoneração para assegurar o emprego no País em um momento de crise na economia global, mas refutou que a mudança na direção da política econômica tenha configurado um "estelionato eleitoral".

"De repente, depois da campanha, percebeu-se que estava saindo mais dinheiro que entrando", disse para justificar a mudança na direção do governo de sua sucessora.

Lula minimizou os sinais que foram apresentados a Dilma desde 2013, de que sua política econômica estava equivocada, e negou também que tenha pedido a ela, nessa época, o afastamento de Guido Mantega do ministério da Fazenda.

"Não recomendei. Disse apenas que pessoas que estão há muito tempo no governo deviam ter uma reflexão para sair e para deixar que haja renovação dentro do governo", disse Lula.

Como em outras ocasiões, Lula admitiu que houve erros no governo, mas os relativizou, dando a entender que foram mínimos.

Um exemplo que ele citou foi o represamento nos preços da gasolina que acabaram gerando uma inflação acumulada quando os reajustes foram liberados.

O ex-presidente disse considerar também que foi um erro exagerar na dose na política de desoneração, mas salientou não ver propaganda nenhuma "na TV" sobre a desoneração promovida por Dilma.

Lula destacou que o problema agora é retomar o crescimento econômico.

"A Dilma ainda tem três anos de mandato pela frente, esse povo não pode continuar vivendo nessa onda de incerteza, de pessimismo maluco, sem nenhuma necessidade", disse em referência indireta às pressões pelo impeachment da presidente e os reflexos disso sobre a economia.

Lula disse que, se fosse presidente, apostaria em uma política de crédito em vez de aumentar impostos, com linhas para a indústria e crédito consignado.

"As palavras do momento são desenvolvimento e esperança. A presidenta Dilma tem que saber que a roda-gigante da economia tem que voltar a girar."

2018

Como adiantado por Kennedy Alencar no twitter, Lula falou brevemente sobre seu futuro político.

O petista admitiu que voltar a ser candidato apenas para evitar que a oposição ganhe é uma "bandeira pequena", mas que se for para defender o projeto de governo que "promoveu a inclusão de milhões de pobres neste País", ele está disposto a concorrer.

"Para defender esse projeto, eu posso ser candidato outra vez. Não tenha dúvida que estou disposto a ser candidato".

Veja também

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não temer ser investigado e até preso em consequência da Operação Lava Jato ou da Zelotes, da Polícia Federal.

"Não temo ser preso porque eu duvido que alguém nesse País, do pior inimigo meu ao melhor amigo, do empresário pequeno ao grande, que diga que teve uma conversa comigo ilícita", disse em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT Brasil.

Lula chamou as investigações de pessoas próximas a ele, como seu ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho e seu filho, Luís Cláudio, de "coisas normais de um País democrático" e que são possíveis graças à independência dada pelo seu governo para instituições como Polícia Federal e Ministério Público Federal.

O ex-presidente repetiu ainda o discurso de ser filho de mãe que morreu analfabeta e que lhe deixou o patrimônio de "poder andar de cabeça erguida".

"Combater a corrupção é obrigação, não é mérito", afirmou ao lembrar que desde o auge da crise do mensalão adotou o discurso de se investigar e punir quem quer que seja.

Apesar da fala favorável aos trabalhos de investigação, Lula argumentou que o País vive na "República da suspeição", em que pessoas são condenadas pela opinião pública pelo simples levantamento de suspeitas.

"As instituições, que são fortes e poderosas, têm que ter responsabilidade, cuidar para não criar uma imagem negativa de uma pessoa sem ter provas", afirmou.

"Nem tudo que o delator fala tem veracidade. É preciso que não se dê um voto de confiança ao bandido e um voto de desconfiança ao inocente", completou.

O ex-presidente reforçou que, ao longo de seu governo, desconhecia o esquema de corrupção na Petrobras.

"Não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, e olha que sou o presidente que mais visitou a Petrobras. Nunca ninguém me disse que tinha corrupto na Petrobras, essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai."

Lula falou rapidamente de seu amigo pecuarista José Carlos Bumlai. "Se ele teve situação indevida vai ficar provado ou não", disse.

Bumlai é acusado pelo delator Fernando Baiano de receber propina para intermediar negócios na área do petróleo e repassar valores a uma nora de Lula.

Governo Dilma

O ex-presidente sustentou que Dilma Rousseff foi "vítima do sucesso de seu primeiro mandato".

Na entrevista ao SBT Brasil, Lula disse que, no primeiro governo, Dilma apostou em políticas de desoneração para assegurar o emprego no País em um momento de crise na economia global, mas refutou que a mudança na direção da política econômica tenha configurado um "estelionato eleitoral".

"De repente, depois da campanha, percebeu-se que estava saindo mais dinheiro que entrando", disse para justificar a mudança na direção do governo de sua sucessora.

Lula minimizou os sinais que foram apresentados a Dilma desde 2013, de que sua política econômica estava equivocada, e negou também que tenha pedido a ela, nessa época, o afastamento de Guido Mantega do ministério da Fazenda.

"Não recomendei. Disse apenas que pessoas que estão há muito tempo no governo deviam ter uma reflexão para sair e para deixar que haja renovação dentro do governo", disse Lula.

Como em outras ocasiões, Lula admitiu que houve erros no governo, mas os relativizou, dando a entender que foram mínimos.

Um exemplo que ele citou foi o represamento nos preços da gasolina que acabaram gerando uma inflação acumulada quando os reajustes foram liberados.

O ex-presidente disse considerar também que foi um erro exagerar na dose na política de desoneração, mas salientou não ver propaganda nenhuma "na TV" sobre a desoneração promovida por Dilma.

Lula destacou que o problema agora é retomar o crescimento econômico.

"A Dilma ainda tem três anos de mandato pela frente, esse povo não pode continuar vivendo nessa onda de incerteza, de pessimismo maluco, sem nenhuma necessidade", disse em referência indireta às pressões pelo impeachment da presidente e os reflexos disso sobre a economia.

Lula disse que, se fosse presidente, apostaria em uma política de crédito em vez de aumentar impostos, com linhas para a indústria e crédito consignado.

"As palavras do momento são desenvolvimento e esperança. A presidenta Dilma tem que saber que a roda-gigante da economia tem que voltar a girar."

2018

Como adiantado por Kennedy Alencar no twitter, Lula falou brevemente sobre seu futuro político.

O petista admitiu que voltar a ser candidato apenas para evitar que a oposição ganhe é uma "bandeira pequena", mas que se for para defender o projeto de governo que "promoveu a inclusão de milhões de pobres neste País", ele está disposto a concorrer.

"Para defender esse projeto, eu posso ser candidato outra vez. Não tenha dúvida que estou disposto a ser candidato".

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoOperação ZelotesPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame