Em discurso de abertura do STF, Fux pede tolerância em ano eleitoral
Para Fux, nesse cenário, o império da lei, o texto da Constituição e a liberdade de imprensa "reclamam estar acima de qualquer que seja o resultado das eleições"
Reuters
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 11h50.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 12h45.
Em discurso de abertura do ano do Poder Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Luiz Fux , pediu nesta terça-feira que haja tolerância no ano eleitoral, destacando que não há mais espaços para ações contra o regime democrático.
"Este Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, concita os brasileiros para que o ano eleitoral seja marcado pela estabilidade e pela tolerância, porquanto não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para violência contra as instituições públicas", disse.
Para Fux, nesse cenário, o império da lei, o texto da Constituição e a liberdade de imprensa "reclamam estar acima de qualquer que seja o resultado das eleições".
O presidente do STF disse que, a despeito dos "dissensos da arena política", a "democracia não comporta disputas baseadas no 'nós contra eles'" e ressaltou que as eleições devem ser uma "oportunidade coletiva para realizarmos escolhas virtuosas e votos conscientes voltados para a prosperidade nacional".
Em 2021, o Supremo foi alvo de uma série de ataques vindos principalmente do presidente Jair Bolsonaro e de apoiadores dele, descontentes com decisões tomadas e investigações conduzidas pela corte.
Bolsonaro não compareceu à solenidade por estar sobrevoando região do Estado de São Paulo atingida por fortes chuvas. O vice-presidente Hamilton Mourão foi o principal representante do Poder Executivo no ato.
Polarização
No discurso, Fux comentou que a conjuntura crítica iniciada em razão da pandemia de coronavírus em 2020 surgiu em um "momento de profunda fragmentação social, de indesejável polarização política e cultural, de indiferença entre os diferentes e de déficit de diálogo social".
Para o presidente do STF, a crise sanitária mostrou que integramos "a mesma teia social e dependemos radicalmente uns dos outros".
Fux citou que a pauta de julgamentos neste primeiro semestre "continuará dedicada às agendas da estabilidade democrática e da preservação das instituições políticas do país".
A pauta, acrescentou, também vai se concentrar na revitalização econômica e na proteção das relações contratuais e de trabalho e na concretização da saúde pública e dos direitos humanos afetados pela pandemia.
A solenidade foi realizada integralmente por meio de videoconferência em razão do aumento de casos de covid-19 em Brasília decorrente do avanço da variante ômicron na capital do país.