Em dia de paralisações, Weintraub vai à Câmara defender cortes
O ministro da Educação foi convocado por deputados que querem discutir os rumos da pasta mais complicada do governo
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2019 às 06h15.
Última atualização em 15 de maio de 2019 às 06h31.
A quarta-feira será de pressão para o ministro da Educação, Abraham Weintraub . Na noite de ontem a Câmara aprovou, por 307 votos a 82, sua convocação para prestar esclarecimentos sobre os anunciados cortes no orçamento de universidades públicas e de instituições federais.
O ministro deve comparecer à Câmara às 15h. Esta será a segunda vez que Weintraub vai ao Congresso para explicar seus planos para o ministério em uma semana. Na última terça-feira, 7, após o anúncio do contingenciamento de 30% nas verbas discricionárias de universidades e institutos federais, o ministro afirmou que “todo mundo no País está apertando o cinto” para justificar os bloqueios, que, segundo ele, podem ser revertidos após a aprovação da reforma da Previdência.
Com o contingenciamento, universidades federais de todo o país passaram a emitir alertas sobre a capacidade de funcionamento até o final do ano. Nesta quarta-feira, aos menos 75 das 102 universidades federais devem parar em protesto. Escolas particulares em cidades como São Paulo e no Rio de Janeiro também devem parar em apoio às manifestações.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação estima que os 4,5 milhões de servidores das escolas públicas de ensino fundamental e médio também devem parar nesta quarta, em protesto contra cortes previstos também para o ensino básico e fundamental. Recursos para todas as etapas de ensino foram reduzidos ou congelados, em medida que inclui verbas para construção de escolas e bolsas de pesquisa. No total, o bloqueio é de 7,4 bilhões de reais até aqui.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a convocação de Weintraub escancarou um racha na base governista, com a líder do governo na Câmara, Joice Hasselmann (PSL-SP), articulando para substituir seu colega Major Vitor Hugo (PSL-GO), na liderança do governo na Câmara. Durante a confusão que se instalou na Câmara no início da noite de ontem, líderes próximos ao governo chegaram a falar em recuo no contingenciamento, mas a informação foi negada posteriormente por Hasselmann.
Desde o início de governo, o Ministério da Educação foi palco de algumas das maiores polêmicas do governo Bolsonaro. Com a demissão de Ricardo Vélez e a posse de Weintraub, as confusões deram lugar a um contundente plano de enxugamento do ensino. Em transmissão recente na internet, o ministro se valeu de 100 barras de chocolate para explicar o tamanho do contingenciamento. Nesta quarta-feira, terá que ir além disso. Deve encontrar ambiente amargo na Câmara.