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Em CPI, ex-treinador de ginástica artística nega ter abusado de atletas

Ao todo, 40 ginastas e ex-ginastas afirmaram que foram vítimas de abusos sexuais praticados por Fernando de Carvalho Lopes entre 1999 e 2016

Fernando de Carvalho Lopes: "Não tenho nada a esconder" (Ricardo Bufolin/CBG/Divulgação)

Fernando de Carvalho Lopes: "Não tenho nada a esconder" (Ricardo Bufolin/CBG/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de maio de 2018 às 18h35.

Última atualização em 16 de maio de 2018 às 18h37.

Brasília - O ex-técnico da seleção brasileira de ginástica Fernando de Carvalho Lopes negou nesta quarta-feira, em depoimento no Senado, em Brasília, ter abusado de atletas.

Em audiência na CPI dos Maus Tratos, ele atribuiu as denúncias à vingança por sua rígida postura nos treinamentos.

Ao todo, 40 ginastas e ex-ginastas afirmaram que foram vítimas de abusos sexuais praticados por Fernando de Carvalho Lopes entre 1999 e 2016, quando ele era técnico do Mesc, em São Bernardo do Campo (SP).

O processo foi aberto em junho de 2016. Até agora, 23 pessoas já foram ouvidas na delegacia, entre vítimas e testemunhas.

"Nunca fui um técnico manso. Sempre fui extremamente rígido e por isso criei muitos inimigos. Cortei bolsas de atletas, demiti pessoas que não seguiam a minha linha de trabalho. Acredito que isso possa ser uma vingança", afirmou.

Fernando de Carvalho Lopes negou também ter trocado e-mails ou mensagens de cunho pessoal com os atletas.

Essa foi a primeira vez que o ex-técnico da seleção brasileira de ginástica falou abertamente sobre as acusações. A sessão da CPI foi fechada pelo presidente da comissão, o senador Magno Malta (PR-ES).

Durante o depoimento, o parlamentar também pediu explicações sobre suspeitas de desvio de dinheiro do programa Bolsa Atleta.

Fernando de Carvalho Lopes chegou a admitir que houve cortes para custear materiais de treinamento, mas que ele não tinha acesso ao dinheiro.

O senador solicitou também a quebra do sigilo telemático (e-mail), telefônico e fiscal de Fernando de Carvalho Lopes. "Não tenho nada a esconder. Se for possível essa averiguação, pode ser feita", disse o ex-técnico da seleção.

Durante a sessão, os nomes dos atletas não puderam ser citados a pedido do advogado de defesa. Luís Ricardo Davanzo, que estava presente, alegou que o processo segue em segredo de Justiça.

Magno Malta disse que vai convocar Fernando de Carvalho Lopes para um novo depoimento na CPI assim que os dados da quebra de sigilo for concluída.

Fernando de Carvalho Lopes foi afastado de todas as suas funções no clube de São Bernardo do Campo (SP) desde que as denúncias vieram à tona.

No início deste mês foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa dos pais do treinador, onde ele também reside atualmente, na cidade do ABC paulista. Foram recolhidos CDs, DVDs, Pen drives, HD externo e fita cassete. A polícia não divulgou o conteúdo do material.

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