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Em carta, PCC ameaça matar promotor caso cúpula seja transferida de SP

Os alvos da facção seriam o promotor Lincoln Gakiya e o coordenador dos presídios na região oeste do Estado, Roberto Medina

PCC: na semana passada, o MPE pediu a transferência de Marcola e outros 13 integrantes da cúpula da facção (./Reuters)

PCC: na semana passada, o MPE pediu a transferência de Marcola e outros 13 integrantes da cúpula da facção (./Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 15h03.

Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 15h05.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) prepara uma série de atentados contra autoridades em São Paulo, caso a Justiça determine a transferência da cúpula da facção para o sistema prisional federal.

Carta apreendida no domingo (9) pela polícia indica que os alvos seriam o promotor Lincoln Gakiya e o coordenador dos presídios na região oeste do Estado, Roberto Medina.

O documento estava com Maria Elaine de Oliveira e Alessandra Cristina Vieira, mulheres de presos da Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, onde cumprem penas os chefes da facção criminosa, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. A polícia o encontrou na bolsa de Maria Elaine, guardada no carro dirigido por Alessandra.

De acordo com a inteligência da polícia, nele havia a transcrição de dois "salves", comunicados da facção com ordens ou pronunciamentos de sua cúpula e a resposta dos subordinados.

No primeiro, os bandidos afirmam à cúpula que estão com o levantamento completo do primeiro alvo, chamado pelos bandidos de "frango".

"Dá pra fazer ele a hora que quiser. Nóis (sic) já tem o carro e o orário (sic) tudo dele." O alvo seria Medina, que, como coordenador dos presídios da região oeste, tem sob suas ordens a P2.

A comunicação continua afirmando que o outro "frango", o "japonês" (o promotor Lincoln Gakiya, responsável por investigar a atuação da cúpula da facção) "é um pouco mais complicado".

O problema aqui seria a rota de fuga depois do ataque. "A cidade dele é bem maior", diz o documento, que estava criptografado e foi decodificado pelos agentes.

O segundo "salve" codificado mostra que a missão de matar as duas autoridades seria cumprida pelo setor do PCC conhecido como "sintonia restrita", responsável por assassinatos de integrantes do sistema penitenciário federal em 2016 e 2017.

Ele havia sido enviado pela cúpula da facção ao grupo. "Essa missão é de extrema, pois se o amigo aqui for para a federal, essa situação tem que ser colocada no chão de qualquer forma", diz o "salve".

O documento prossegue mostrando a importância que a cúpula dá para a missão. "Os amigos querem informações toda semana para saber se vocês estão chegando com a sintonia com lealdade já demonstrada em outras situações importantes da família. Infelizmente a carona não deu certo. Existe (sic) traidores no meio de nois (sic) mas esses na melhor hora vão ter a resposta à altura".

Pedido

Na semana passada, o Ministério Público Estadual (MPE) apresentou um pedido assinado por uma dezena de promotores em que se solicitava à Justiça a transferência de Marcola e outros 13 integrantes da cúpula da facção.

O Judiciário ainda não decidiu o que fazer. Em novembro, a Justiça havia determinado a ida de seis presos da chamada Sintonia de Outros Estados e Países para o sistema federal, em razão da participação deles nos crimes descobertos durante a Operação Echelon, como a execução de dezenas de rivais em outros Estados e o tráfico de drogas.

A cúpula da facção de imediato começou a planejar uma represália. Seu plano era matar o ex-secretário da Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto. Também planejou um resgate da cúpula, por meio do ataque à P2 de Presidente Venceslau.

Para tanto, mercenários foram contratados para explodir a muralha e extrair de suas celas os chefes da facção, que seriam transportados para o exterior em aviões.

Desde que os dois planos foram descobertos, Ferreira foi posto sob segurança e quase uma centena de homens do Comando de Operações Especiais (COE), armados com metralhadoras, e das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), blindados e helicópteros foram levados para Presidente Venceslau, a fim de proteger o perímetro.

A inteligência desconfia que a descoberta desses planos é o que explica a referencia à "carona" feita em um dos "salves" apreendidos. Com as duas havia ainda bilhetes com anotações sobre o "bob geral dos pavilhões".

Segundo a polícia, trata-se de contabilidade de venda de maconha (bob) nos presídios. Ao lado de indicações sobre quilos, havia anotações sobre valores das vendas de até R$ 7,5 mil.

Visita

Com base nos documentos, a Seccional de Presidente Venceslau prendeu em flagrante as duas sob as acusações de colaboração com tráfico e organização criminosa.

Uma das mulheres estava registrada como visita na P2 de um detentos que divide a cela com Marcola, o que seria outro indício de que o líder do PCC estaria por trás dos planos de atentados contra as autoridades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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