Funaro: "Os valores passados a Henrique eram definidos por Cunha", disse a PF (Alexandre Schneider/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 20h52.
Brasília - A Polícia Federal mapeou em seu Relatório de Análise Nº 103/2007 todos os repasses de valores realizadas pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro ao ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB). Segundo a PF, foram 15 pagamentos efetuados entre os anos de 2012 e 2014 que somam R$ 6,3 milhões. Somente em 2014, quando Alves foi candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Norte, os agentes federais apontam o envio de R$ 4,8 milhões ao peemedebista.
Os repasses detalhados no documento têm como base planilhas e anotações encontradas em HDs apreendidos com a irmã de Funaro, Roberta Yoshimoto, no âmbito da operação Patmos, em 18 de maio de 2017. Em seu controle interno, segundo a PF, o corretor carimbava os repasses a Henrique Alves com o apelido de Chico Anísio ou com os nomes de dois de seus assessores, Norton e Wellington.
Além de entregas em dinheiro pessoalmente ao peemedebista, como uma no valor de R$ 3,5 milhões em 18 de setembro de 2014, a PF também elenca doações eleitorais para partidos indicados por Henrique Alves e o pagamento de despesas com helicóptero utilizado na campanha de 2014.
"Verificou-se nas planilhas de Funaro que os valores repassados para Henrique Alves, no período de 2012 a 2014, totalizaram o valor total de R$ 6.308.800,00 (seis milhões trezentos e oito mil e oitocentos reais). Desse total, só no ano de 2014, o valor pago foi R$ 4.808.800,00 (quatro milhões oitocentos e oito mil e oitocentos reais)", concluiu o relatório da PF.
Em sua delação, Funaro contou que conheceu Henrique Alves por intermédio do ex-deputado Eduardo Cunha e que ele recebeu propina de todas a operações realizadas dentro da vice-presidência de Fundos de Governo e Loteria, responsável pelo Fundo de Investimento do FGTS.
"Os valores passados a Henrique eram definidos por Cunha. Tais valores por vezes eram passados por Cunha e, por vezes, eram pagos diretamente pelo próprio Funaro. Algumas vezes Funaro fazia este pagamento pessoalmente no Rio Grande do Norte, outras enviava algum emissário, mas também havia possibilidade do funcionário do Gabinete de Henrique Alves, de nome Wellington, retirar o dinheiro e ir realizar a entrega no Rio Grande do Norte, fazendo uso da aeronave de Funaro", diz a PF sobre como se davam os repasses ao peemedebista.
O advogado Marcelo Leal, responsável pela defesa de Henrique Alves, afirmou que não teve acesso ao relatório da PF e, portanto, não poderia se manifestar. Sobre a propina oriunda do FI-FGTS, o advogado afirmou que "não é verdade que Henrique Eduardo Alves tenha recebido qualquer vantagem indevida referente à qualquer projeto que diga respeito ao FI-FGTS e sua defesa desafia o delator, a polícia federal ou qualquer órgão de persecução estatal a provar o contrário."