Exame Logo

Elevar os juros é um crime contra o Brasil, diz presidente da Abimaq

Empresário Luiz Aubert Neto afirma que o dólar barato está acabando com a indústria nacional

Luiz Aubert Neto, da Abimaq: "Eu também queria ter a concessão do minério de ferro" (Divulgação/Abimaq)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de março de 2011 às 11h06.

São Paulo – Uma eventual elevação dos juros pelo Banco Central nesta quarta-feira (3) vai valorizar ainda mais o câmbio e piorar o déficit comercial de vários setores da indústria de transformação. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, que participou do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

“É um crime contra o Brasil. Esse ano, nós vamos gastar R$ 230 bilhões só com os juros da dívida enquanto os gastos com educação e saúde serão apenas um quinto desse valor. Sem falar nos investimentos necessários em infraestrutura. Se o Brasil quiser crescer 5% ao ano, precisa subir a taxa de investimento de 18% para algo entre 23% a 25% do PIB. (...) Nós, no Brasil, estamos dentro de um grande Titanic. O pessoal curte a festa dentro do navio com o dólar barato. Uma hora esse conta chega e a proa desse Titanic está apontada para o iceberg. Se a gente não mudar essa política financeira, esse navio vai bater e afundar.”

Veja também

Segundo o empresário, o Brasil “está primarizando a economia, pois 80% das exportações são produtos primários”. “Em 2004, 60% das máquinas utilizadas no Brasil eram nacionais. Atualmente, nem 40%. (...) Não é aumentando a taxa Selic em meio ponto que você vai segurar o preço de commodities. É um jogo de interesse muito forte do setor financeiro, que não gera nenhum emprego. Se taxa elevada de juros fosse sinal para segurar inflação, nós já devíamos estar com deflação.”

O presidente da Abimaq afirma que não há inflação de demanda no Brasil. “Você não tem fila para comprar nada. Não há aumento nos preços dos automóveis e das geladeiras. Os eletroeletrônicos estão com preço em queda.” Luiz Auberto Neto sugere que, no lugar da elevação dos juros, o governo aperto o crédito via aumento de compulsórios. “Outra medida é limitar o prazo de financiamentos de carros a 36 meses e com 30% de entrada, e o de eletroeletrônicos a 24 meses. Em 60 dias, dá deflação nesse país sem elevar os juros.”

O ajuste fiscal do governo foi bem recebido pelo setor produtivo como forma de combater a inflação. Em relação ao câmbio valorizado, o empresário diz que “não há ganho de produtividade que compense um câmbio na casa de R$ 1,65."

"Isso é um crime contra a indústria de transformação. Agora, a indústria ligada à mineração vai bem. A Vale, por exemplo, tem lucro de R$ 30 bilhões em cima de um faturamento de R$ 86 bilhões. Qual é o negócio que dá uma margem dessa? Eu também queria ter a concessão do minério de ferro.”

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem ao lado), Luiz Aubert Neto explica quais medidas deveriam ser adotadas pelo governo para proteger a indústria brasileira e comenta a possibilidade de recriação da CPMF.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioCopomDólarEstatísticasIndicadores econômicosIndústriaIndústrias em geralJurosMercado financeiroMoedasSelic

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame