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Eleições municipais são teste para forças políticas na disputa de 2022

No primeiro turno, em 15 de novembro, a maioria dos candidatos apoiados por Bolsonaro foram derrotados e a esquerda deu sinais de revonação

Votação em São Paulo durante a pandemia (Amanda Perobelli/Reuters)

Votação em São Paulo durante a pandemia (Amanda Perobelli/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de novembro de 2020 às 15h37.

Última atualização em 29 de novembro de 2020 às 15h39.

Os brasileiros, afetados pela pandemia de coronavírus, escolhem neste domingo os prefeitos de 57 cidades, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, que devem apontar sinais sobre as chances de reeleição do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro em 2022.

No primeiro turno, em 15 de novembro, a maioria dos candidatos apoiados por Bolsonaro foram derrotados, em muitos casos por políticos de centro-direita e da direita tradicional. A esquerda deu sinais de renovação, principalmente em São Paulo e Porto Alegre.

Em São Paulo, a maior cidade do país, com 12,5 milhões de habitantes, o candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Guilherme Boulos, de 38 anos, disputa o segundo turno com o atual prefeito, Bruno Covas, de 40 anos, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

No primeiro turno foram derrotados tanto o candidato apoiado por Bolsonaro como o do Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As últimas pesquisas apontam 55% das intenções de voto para Covas e 45% para Boulos, que na sexta-feira anunciou ter contraído o novo coronavírus, o que provocou o cancelamento do último debate na TV.

No Rio de Janeiro, com 6,7 milhões de habitantes, a disputa parece decidida a favor do ex-prefeito Eduardo Paes (Democratas, centro-direita), que tem 68% das intenções de voto, contra 32% do atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), um pastor evangélico licenciado, aliado de Bolsonaro.

Sinais para 2022

Embora os duelos sejam locais, a resposta à pandemia que já provocou mais de 171.000 mortes no Brasil está presente na mente de muitos eleitores críticos à postura de Bolsonaro, que minimizou a doença e fez pressão contra as medidas de confinamento ordenadas por governadores e prefeitos.

"Por tudo o que está acontecendo, o voto se torna ainda mais importante do que já era. Acho que apesar da condição da pandemia, exercer o voto nesse momento no Brasil é um ato muito importante para a gente marcar a posição diante de tudo o que esta acontecendo. A gente precisa de um outro tipo de governo, um governo mais preocupado com a população e que faça o seu papel e não o que a gente está vendo no Brasil, o governo federal é um verdadeiro desastre", afirmou à AFP a psicóloga Vanise Santos, de 49 anos, em um centro de votação de São Paulo.

Bolsonaro, que votou no Rio, aproveitou a oportunidade para repetir suas dúvidas sobre a confiabilidade do sistema de voto eletrônico. "Não podemos continuar votando e não sabendo, não tendo a certeza de que aquele voto foi para aquela pessoa", afirmou.

De acordo com o analista político Michael Mohallem, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a mensagem das urnas parece ser que "o Bolsonaro não é o fenômeno que as pessoas pensavam que era e se essa leitura inicial estiver certa, ele vai ter muita dificuldade de se reeleger" em 2022.

A doença e as medidas de confinamento, determinadas para contê-la, afundaram a economia, levando o desemprego a um nível recorde de 14,6%, com 14,1 milhões de pessoas em busca de trabalho.

Disputas importantes

Em Porto Alegre, Manuela D'Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), disputa com Sebastião Melo, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB, centro-direita), a prefeitura de Porto Alegre. As pesquisas apontam um empate,

A cidade se tornou palco recente de protestos após um homem negro ser morto por dois seguranças em um supermercado da rede Carrefour.

Em Recife, dois netos do histórico político pernambucano Miguel Arraes (1916-2005) se enfrentam: João Campos (filho do ex-candidato à Presidência Eduardo Campos, morto durante a campanha para as eleições de 2014), do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Marília Arraes, do PT.

Em Fortaleza, o Capitão Wagner, apoiado por Bolsonaro, está muito atrás nas pesquisas do candidato José Sarto, do PDT.

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