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Eike prepara proposta de delação que cita Lula, Cabral e Mantega

No caso de Lula, o empresário deve detalhar o lobby que teria sido feito pelo ex-presidente em favor das empresas do grupo X

Eike Batista: atualmente, o ex-empresário cumpre prisão domiciliar (foto/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de julho de 2017 às 15h45.

O empresário Eike Batista e seus advogados produziram ao menos oito anexos da sua proposta de delação premiada que será entregue ao Ministério Público Federal (MPF) no Rio, apurou o Estado/Broadcast.

Neste momento, os principais nomes citados na colaboração de Eike são o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

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Eike deve detalhar lobby que teria sido feito por Lula em favor das empresas do grupo X. O empresário, no entanto, irá ponderar que o petista nunca fez nenhum pedido formal para que contribuísse nas campanhas eleitorais.

No caso de Mantega, ele pretende detalhar pedido do ministro para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões, no interesse do PT.

Eike já prestou depoimento no ano passado à força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, sobre o tema.

Já Cabral teria cobrado propina de ao menos duas empresas de Eike, a petroleira OGX e a OSX, braço de construção naval do grupo.

A defesa do fundador do grupo X está agora colhendo anexos de executivos e ex-executivos das empresas de Eike, que podem corroborar as suas declarações.

Neste momento, há cinco executivos colaborando, segundo fontes. O empresário recorreu a eles em busca de detalhes, porque ficava na holding do grupo, a EBX, e não se envolvia no dia a dia das companhias.

Procurado, o MPF informou que não se manifesta sobre tratativas de acordos de delação. O advogado de Eike, Fernando Martins, não quis comentar o caso.

Eike foi preso no início do ano pela Operação Eficiência, desdobramento da Calicute (operação que levou Cabral à prisão no ano passado).

Atualmente, Eike cumpre prisão domiciliar na sua residência no Jardim Botânico, zona sul do Rio.

Nesse processo, o fundador do grupo X foi indiciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Ele teria pago US$ 16,5 milhões em propina ao suposto esquema liderado por Cabral para ter benefícios em seus negócios.

Além disso, teria desembolsado R$ 1 milhão em propina ao ex-governador, por meio de contrato fraudulento com o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador.

As tratativas sobre o acordo com o MPF no Rio já estão em andamento há alguns meses, mas o processo ainda terá de passar pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Isso porque a delação de Eike envolve pessoas com foro privilegiado.

Eike iria depor nesta sexta-feira, 14, mas teve o interrogatório adiado na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que cuida dos desdobramentos da Lava Jato no Rio.

A audiência foi remarcada para o dia 31, quando também serão ouvidos o seu ex-braço direito, Flávio Godinho, Cabral e sua mulher Adriana Ancelmo.

O Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que o empresário estava disposto a falar, mas não poderia entrar em detalhes sobre a sua relação com o ex-governador porque esse conteúdo estará no seu acordo de delação.

A mudança da data, ao final, foi conveniente para o empresário, que pode fechar o acordo até o dia 31 e, daí sim, poderá detalhar o que sabe ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara.

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