Economista, Eric Maskin, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2007 (Emile Wamsteker/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2014 às 21h26.
Rio de Janeiro - O economista Eric Maskin, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2007, afirmou nesta quarta-feira que a educação foi uma das principais responsáveis pela redução da desigualdade no Brasil nos últimos dez anos, com a universalização do acesso de estudantes à educação básica. No entanto, segundo ele, é preciso avançar na qualidade.
"(A política anterior) conseguiu fazer com que as crianças fossem para a escola, mas é preciso fazer algo novo. São necessárias novas políticas educacionais para elevar a qualidade da educação", afirmou, após seminário na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio.
O norte-americano venceu o prêmio justamente com os economistas Leonid Hurwicz e Roger Myerson, com a teoria que permite distinguir situações em que os mercados operam bem de outras em que não operam. Com o trabalho desenvolvido por eles, avançou-se muito na ciência de como regular o mercado.
Maskin também citou programas de transferência de renda como responsáveis pela redução da desigualdade no País. O economista afirmou ainda que o Brasil teve sucesso na diminuição da disparidade de renda, enquanto isso não ocorreu em outros países em desenvolvimento, como a Índia e a China. "Esses países ainda não introduziram políticas governamentais para redução de desigualdade. Estão mais concentrados no crescimento", afirmou. Ele alerta que a situação nesses locais deve ser olhada com atenção. "A desigualdade cresceu de uma forma que eles precisarão lidar com esse problema cedo ou tarde, e espero que seja logo", disse, após debater a disparidade na distribuição de renda em um mundo globalizado.
Questionado sobre lições que o Brasil poderia aprender de outros países, Maskin falou sobre evidências de que crianças na pré-escola, com idade entre 3 e 4 anos, conseguem retorno salarial no futuro. "Colocar as crianças no sistema educacional antes mesmo da idade normal, o que seria entre 3 e 4 anos, pode trazer benefícios futuros a elas, conforme temos visto nos Estados Unidos. Quando elas ingressam no mercado de trabalho, se saem melhor, arrumam melhores empregos e ganham mais", afirmou, acrescentando que as diferenças são notadas apenas quando elas crescem.
Maskin, que elaborou a pedido da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) um estudo sobre os planos econômicos, não quis comentar o assunto. No seu trabalho, defende que os bancos não lucraram com as mudanças provocadas pelos planos. Hoje, foi adiado pela segunda vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ) o julgamento de recurso sobre o início da incidência dos juros aplicáveis às diferenças apuradas no rendimento da poupança em decorrência dos planos econômicos Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2.