Goldman: "A dificuldade é real, mas quem está melhor do que o PSDB?" (Valter Campanato/Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de outubro de 2017 às 16h59.
Última atualização em 20 de outubro de 2017 às 17h16.
São Paulo - O PSDB vive uma situação delicada em relação à eleição de 2018 e só não está pior porque não surgiu alternativa melhor no espectro político-partidário, avaliou o vice-presidente nacional da sigla, Alberto Goldman.
Para o ex-governador, a situação fica evidente na dificuldade dos tucanos de apresentar uma candidatura de destaque ao Planalto.
"A dificuldade é real, mas quem está melhor do que o PSDB?", questionou Goldman, que participou na quinta-feira, 19, de um evento na capital paulista.
Ele citou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), como o nome mais expressivo no momento dentro do partido, mas ponderou que ele "não é nenhuma figura de grande expressão, uma grande liderança nacional".
"Não é um Lula, que foi um grande líder, a verdade é essa", disse Goldman.
O ex-governador lembrou ainda que existem ainda outros nomes, como o senador José Serra, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, mas voltou ao ponto.
"Dizer que tem alguém (no PSDB) que salta como o candidato que poderá empolgar o povo brasileiro? Nada me parece, não é visível isso."
Em relação ao prefeito João Doria, com quem trocou acusações e críticas há duas semanas pelas redes sociais, o ex-governador considerou que o "perigo" de sua candidatura "está um pouco diminuído".
Doria, em sua avaliação, teria conseguido canalizar a rejeição ao PT na cidade para se eleger em primeiro turno em 2016, mas "queimou o filme" ao acreditar que aquele momento persistia até hoje.
O tucano também disse entender que a imagem do PSDB é prejudicada por situações como a do senador Aécio Neves, que retomou o cargo essa semana após o Senado derrubar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"O presidente do partido acabou se constituindo figura extremamente danosa para a (nossa) imagem", afirmou Goldman, lembrando do áudio em que o Aécio e Joesley Batista acertam pagamento de R$ 2 milhões.
Goldman participou de um encontro intitulado "PSDB, presente e futuro" na Casa do Saber, em São Paulo. Em sua avaliação, o partido apresenta problemas, entre eles a forte indefinição de sua bancada em relação a temas polêmicos, mas ainda mantém uma espinha dorsal de elementos programáticos.
Ele disse que ainda se mantém no partido "apesar dos conflitos" com parte de seus dirigentes, como Aécio e Tasso Jereissati, senador e presidente interino da sigla, a quem chamou de "caciques coronéis". "São coronéis modernos, pessoas que não têm vivência partidária e não sabem conduzir o que é um partido político", disparou.
Apesar desse cenário, o vice-presidente nacional do partido disse entender que não vê alternativa no cenário político para ocupar o espaço do PSDB.
O perigo, por outro lado, seria a emergência de candidaturas competitivas nos extremos do espectro político, como foi a eleição municipal do Rio Janeiro em 2016, quando Marcelo Freixo (Psol) e Marcelo Crivella (PRB) concentraram o debate e os votos.
"O desafio eleitoral imediato é construir uma frente no centro político, fugindo do que se chama de esquerda petista e do que nasce agora como a direita (...) aglutinar esse centro político para enfrentar esses dois lados que estão surgindo", disse Goldman.