Doria estuda reduzir a entrega de leite a alunos
Os cortes vão na contramão do que havia sido anunciado por Doria antes de assumir, em dezembro
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de janeiro de 2017 às 10h46.
Última atualização em 14 de janeiro de 2017 às 11h13.
São Paulo - A gestão do prefeito João Doria (PSDB) estuda reduzir o atendimento de programas da rede municipal, como o transporte escolar e o programa Leve Leite, que dá 2 quilos de leite em pó por mês às famílias com alunos na rede.
Segundo a administração, seriam necessários mais R$ 694 milhões para cobrir todos os gastos previstos para a pasta neste ano - até com a folha de pagamento. A intenção de corte de gastos foi revelada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo.
Doria destacou que a mudança ainda está "em estudo". O rombo de R$ 694 milhões inclui só despesas já existentes, sem mencionar metas da Prefeitura, como a criação de 66 mil vagas em creches até dezembro - o que ampliaria o déficit em mais R$ 320 milhões.
Segundo o governo municipal, só a folha de pagamento está deficitária em R$ 438 milhões - o orçamento previsto para este ano é de R$ 6,18 bilhões, ante uma necessidade de R$ 6,62 bilhões.
O valor inclui a chamada de 5 mil novos professores - 4 mil de ensino fundamental e 1 mil da educação infantil, aprovados em concursos dos anos anteriores.
Doria prevê rever todos os contratos, com cortes de até 25%.
Também quer mudanças no formato de compra de material escolar, usando o mesmo da rede estadual, para economia.
"Se precisar ser feito algum corte em serviço, os mais pobres vão ser preservados", disse ao jornal O Estado de S.Paulo o secretário de Educação, Alexandre Schneider.
A compra de material escolar será um dos desafios da nova gestão. Auditoria finalizada recentemente pela Controladoria-Geral do Município (CGM) apontou um prejuízo potencial de mais de R$ 30 milhões por causa de especificações técnicas fora do padrão de mercado e adesão a uma ata diferente da utilizada pelo governo federal.
Novo discurso
Os cortes vão na contramão do que havia sido anunciado por Doria antes de assumir, em dezembro. À época ele afirmou que haveria uma redução de 25% nos gastos de custeio das secretarias municipais, mas que Saúde e Educação seriam poupadas.
Um mês depois, agora no governo municipal, o secretário da Fazenda, Caio Megale, justifica a mudança. "Não é porque são secretarias prioritárias que não podemos fazer um olho clínico para saber se tudo que está sendo gasto ali, e muitas delas têm orçamento grande, está sendo bem gasto. Tem muita gordura, muita ineficiência em alguns programas e gastos que são feitos", diz.