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Doria avalia não renovar fase emergencial em São Paulo

Embora São Paulo ainda esteja no momento mais letal da crise, o ritmo das novas internações está em queda desde o dia 19

A atual fase emergencial, prevista para durar até o próximo dia 11, não deverá ser renovada (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

A atual fase emergencial, prevista para durar até o próximo dia 11, não deverá ser renovada (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2021 às 08h48.

Última atualização em 1 de abril de 2021 às 12h34.

Após os primeiros sinais de que o número de novas internações por covid-19 em São Paulo parou de crescer, técnicos do Palácio dos Bandeirantes projetam que o comércio de rua no Estado será reaberto a partir do dia 26. A atual fase emergencial, prevista para durar até o próximo dia 11, não deverá ser renovada e o Estado passará para a fase vermelha, que ainda prevê restrições (venda presencial continua limitada ao take away, sem consumo no local) por mais duas semanas. Depois disso, a projeção é voltar para a fase laranja — em que já é possível abrir lojas e restaurantes.

A expectativa positiva é resultado do acompanhamento diário feito pelo Centro de Contingência do Coronavírus no total de novas internações. Embora o Estado ainda esteja no momento mais letal da crise, o ritmo das novas internações está em queda desde o dia 19, o que significa que a pressão por leitos, que já fez com que pacientes morressem porque não conseguiram atendimento em uma UTI, deve diminuir.

Ontem, um gráfico com a taxa de aumento diário de internados com covid em UTI que circulou entre secretários da gestão João Doria (PSDB) era a justificativa para o otimismo. A média móvel (média dos últimos sete dias) vinha crescendo mais de 1% ao dia desde 20 de fevereiro e se estabilizou ao redor de 3,5% a partir de 3 de março.

No dia 6, teve início a nova fase vermelha e no dia 15 a fase emergencial. No dia 20, esse índice começou a cair. No dia 30, estava em 0,7%.

A redução é resultado direto, na avaliação do governo, das ações para aumentar a restrição da circulação. Embora o rastreamento oficial da taxa de isolamento, feito com base em dados das operadoras de telefone celular, não tenha subido de forma significativa, o governo aponta que, só na Grande São Paulo, 1,5 milhão de pessoas deixaram de sair de casa a partir da fase vermelha. Eles dizem se basear em informações das redes de trem, ônibus, metrô e do trânsito da capital para fazer a estimativa.

Cautela

Politicamente, o dado é tido como vitorioso, porque mostra que o isolamento - criticado por opositores do governo João Doria (PSDB), incluindo o presidente Jair Bolsonaro - foi eficaz em conter alta de internações. A informação deverá ser usada para rebater as críticas às ações. A redução de ritmo começou exatamente duas semanas depois do início da fase vermelha, exatamente como os técnicos projetaram em entrevistas.

Por outro lado, ainda existem discussões sobre como apresentar tais resultados sem fazer com que a população fique em um clima de que o pior já passou e, assim, abuse da falta de cuidados.

Além disso, o dado é tido como positivo porque há também avaliação no governo de que a crise econômica advinda das restrições, agora, deverá ser maior do que em 2020. A inflação está em ascensão e o desemprego é recorde - sem contar que o auxílio emergencial, agora, terá valor e vai durar até o começo do segundo semestre. Desse modo, mesmo os assessores mais próximos do governador têm pressa em encerrar logo a quarentena mais rígida, para dar fôlego à economia.

A decisão de olhar apenas para o número de internações, ignorando novos casos e óbitos, se deu por avaliação de que os óbitos retratam momento anterior do desenvolvimento da doença, com o desfecho de internações que ocorreram semanas atrás. Há também uma análise de que houve desorganização no acompanhamento dos resultados de testes para detecção de novo casos, não servindo como modo mais ideal de acompanhar a evolução da epidemia.

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