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Doria afirma que redução da letalidade policial não é prioridade

Em agosto a taxa de homicídio em São Paulo foi de 6,5 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, o menor índice já registrado desde 2001

Doria: apesar da declaração do governador de São Paulo, de fato houve redução da letalidade policial no Estado (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

Doria: apesar da declaração do governador de São Paulo, de fato houve redução da letalidade policial no Estado (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 19h08.

Durante entrevista coletiva convocada nesta sexta-feira (27), em que anunciou nova redução na taxa de homicídios no Estado de São Paulo, o governador João Doria (PSDB) afirmou que não é uma meta de sua gestão a redução do caso de mortes provocadas por policiais durante o enfrentamento à criminalidade.

Na coletiva, Doria também anunciou a redução na taxa de homicídios. Em agosto foi de 6,5 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, o menor índice já registrado desde 2001.

"A redução da letalidade pode acontecer, mas não é obrigatoriedade, porque a polícia de São Paulo tem orientação clara, de origem em seus protocolos, tanto na área militar quanto na área civil, o uso progressivo da força", disse.

"Naturalmente, na proporção, o índice de letalidade (em São Paulo) é maior porque há circunstâncias de enfrentamento com bandidos na situação de pronta resposta, ele reage e reage com arma de fogo e, nessa circunstância, entre a vida de um bandido e a vida de um policial, quem vai para o cemitério é o bandido."

Entre janeiro e 27 de setembro, segundo a PM, 506 pessoas morreram em ações da Polícia Militar classificadas como "morte decorrente de intervenção policial", quando suspeitos são mortos em confrontos. Apesar da fala do governador, o índice é menor do que na comparação com o mesmo período de 2018, quando houve 642 casos.

Os dados gerais, que incluem números da Polícia Civil, ainda não foram divulgados.

Doria foi questionado, mas negou que a coletiva desta sexta tivesse sido convocada para contrapor, de alguma maneira, o cenário paulista com o do Rio de Janeiro, Estado que teve mais de mil mortes praticadas por PMs no primeiro semestre.

O governador Wilson Witzel (PSC) vem enfrentado críticas desde a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, ocorrida no último sábado, 21, no complexo do Alemão, e que teria sido causada por um tiro de fuzil disparado por policial. Os oficiais alegam que havia confronto no momento do disparo, versão confrontada por pessoas que estavam no local.

A Polícia Civil investiga o caso, e um laudo já comprovou que o tiro partiu de um fuzil, mas não será possível, segundo a perícia, saber de que arma foi feito o disparo.

"Tudo isso (as ações policiais) foi feito com uma política de trabalho e gestão, não foi para estabelecer nenhuma diferenciação específica com esse ou aquele governo, seja estadual ou federal", disse o governador paulista.

Witzel, assim como Doria, é apontado como possível candidato à Presidência em 2022 e, assim como o presidente Jair Bolsonaro, ambos têm discurso de respaldo a ações policiais violentas. Nessa mesma coletiva, Doria rebateu relatório da Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo, divulgado há uma semana, que apontou sinais de possível execução (quando os suspeitos se rendem e são mortos) em quatro das 11 mortes provocadas por PMs em Guararema, no interior do Estado, em abril.

"Não houve nenhum excesso naquele momento em Guararema. A Polícia Militar de São Paulo segue rigorosamente os protocolos", disse o governador. Ele ressaltou que as polícias paulistas são "legalistas". Os inquéritos que investigam o caso, na PM e na Polícia Civil, ainda estão em andamento. Os PMs que participaram da ação foram condecorados pelo governador ainda em abril.

Redução de índices

Doria afirmou que a taxa de homicídios no Estado em agosto foi de 6,25 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, o menor índice já registrado desde o início da série histórica, que começou em 2001. Em agosto de 2018, a taxa era de 7,4 casos por 100 mil habitantes.

Ao todo, 203 pessoas foram assassinadas em agosto, contra 224 em agosto do ano passado. "É um número histórico na vida do país. É um índice usado pela ONU para se avaliar o índice de segurança em regiões em todo o mundo", disse Doria. Ainda de acordo com o governo, o Estado teve uma redução de 45% nos homicídios na última década.

Também houve redução nos casos de latrocínio, que são os roubos seguidos de morte. Os casos caíram mais da metade, passando de 23 para 10 ocorrências registradas no mês passado. De acordo com o governo, também caíram roubos e furtos de veículos. Os roubos de veículo recuaram 26,3%, de 4.822 para 3.554. Os furtos de veículos também diminuíram 7,67% em agosto. A quantidade passou de 8.561 para 7.904.

Roubo de carga também registrou queda, de quase 21%, passando de 748 para 592. Os roubos a banco passaram de cinco pra um.

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