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Dono da JBS depõe em operação que mira fundos de pensão

PF cumpre mandados em nove estados no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desvios nos quatro maiores fundos de pensão do Brasil

Wesley Batista, presidente do frigorífico JBS (Germano Lüders/Exame)

Wesley Batista, presidente do frigorífico JBS (Germano Lüders/Exame)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 5 de setembro de 2016 às 17h47.

São Paulo – O presidente da JBS e sócio da holding J&F, Wesley Batista, presta depoimento na Polícia Federal no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desvios nos quatro maiores fundos de pensão do Brasil. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do grupo. 

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, os irmãos Wesley e seu irmão, Joesley Batista, que também é dono da J&F, são alvos de busca e apreensão nesta segunda-feira. Segundo a assessoria de imprensa do grupo, Joesley estaria fora do país desde a semana passada. 

As buscas de hoje seriam direcionadas para a empresa Eldorado Brasil, de celulose, que também é controlada pelo grupo J&F. Essa é a segunda vez em dois meses que a empresa é alvo de uma operação do tipo. Em 1º de julho, a unidade foi palco das investigações da operação Sepsis, da Lava Jato. 

Operação Greenfield

Nesta segunda-feira, a Polícia Federal cumpre 127 mandados em nove estados para apurar desvios de ao menos 8 bilhões de reais em quatro fundos de pensão de estatais: Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Segundo informações do jornal O Globo, o rombo pode chegar a 50 bilhões de reais. 

O foco das investigações está no aporte de fundos de pensão estatais em empresas que ainda não saíram do papel (greenfield, do inglês). 

De acordo com a PF, a apuração de hoje parte de 10 casos revelados a partir do exame das causas dos déficits bilionários apresentados pelos fundos de pensão. "Entre os dez casos, oito são relacionados a investimentos realizadas de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações)", diz o texto. 

As investigações apontaram quatro núcleos criminosos: um empresarial, outro ligado aos dirigentes dos fundos de pensão, um composto pelas empresas avaliadoras de ativos e, finalmente, um dos gestores e administradores dos FIPs 

A ação de hoje determinou o sequestro e o bloqueio de 90 imóveis, 139 automóveis, uma aeronave, além de valores em contas bancárias, cotas e ações de empresas e títulos mobiliários, bem como o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 investigados.

Quem está na mira da PF

Além dos irmãos Batista, a Operação Greenfield mira também o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e o empresário Walter Torre Junior, fundador e CEO da Wtorre — segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo

Alvo de condução coercitiva pela Operação Greenfield, Léo Pinheiro  foi preso preventivamente por ordem do juiz federal Sergio Moro, da Operação Lava Jato.

A EXAME.com, a Polícia Federal afirmou que não confirma detalhes sobre as investigações. 

Nota da J&F

"A respeito da presença da Polícia Federal hoje nas sedes da J&F e da Eldorado por ocasião da operação Greenfield e que investiga os investimentos dos fundos de pensão por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações), a empresa esclarece que os investimentos feitos pela Petros e Funcef na Eldorado foram de R$ 550 milhões no ano de 2009. De acordo com ultimo laudo independente (Deloitte) emitido em dezembro de 2015, a participação dos fundos atualizada é de R$ 3 bilhões, ou seja 6 vezes o valor investido inicialmente. A J&F e seus executivos esclarecem que colaboram com as investigações e estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários."

Nota da WTorre

"O Grupo WTorre vem novamente à público esclarecer que não tem negócios na esfera do Poder Público. A companhia não teve e não tem nenhuma relação direta com nenhum dos fundos de pensão citados na Operação Greenfield. A companhia e seus executivos estão, sempre que solicitados, à disposição da Justiça e demais autoridades."

Atualizado às 11h40 para incluir o posicionamento do grupo WTorre. Por volta de 11h, o texto também foi alterado para esclarecer que apenas Wesley Batista foi alvo de condução de coercitiva nesta segunda. 

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