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Doleiro intermediava doações para PP e PMDB

A intermediação teria acontecido nas eleições de 2010 em Rondônia, segundo documentos de operação da PF


	Brasão da Polícia Federal: as negociações foram flagradas pela PF com a quebra de sigilo de e-mails do doleiro
 (Wikimedia Commons)

Brasão da Polícia Federal: as negociações foram flagradas pela PF com a quebra de sigilo de e-mails do doleiro (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2014 às 09h56.

Brasília e São Paulo - Documentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal mostram a intermediação do doleiro Alberto Yousseff em doações para deputados e diretórios do PP e para o PMDB de Rondônia nas eleições de 2010.

Ele está preso desde o dia 17, suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro, e é investigado por suas ligações com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, também detido pela PF, cuja nomeação na estatal foi apadrinhada pelos dois partidos e pelo PT.

As negociações foram flagradas pela PF com a quebra de sigilo de e-mails do doleiro. Em um dos endereços eletrônicos atribuído a Yousseff ele trata das doações com representantes das empresas Queiroz Galvão e Jaraguá Equipamentos, ambas fornecedoras da Petrobras em projetos como a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A PF acusa Costa de corrupção passiva ligada a esse empreendimento.

Os interlocutores de Yousseff são Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial da Queiroz Galvão, e Cristian Silva, da Jaraguá.

Cruzamentos feitos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram correspondência entre os valores mencionados nos e-mails com o montante declarado pelos beneficiários à Justiça Eleitoral. O PP nacional aparece em uma conversa entre Yousseff e Moraes em 17 de agosto de 2010 como destinatário de uma doação de R$ 500 mil.

Em outro e-mail, o executivo informa que o recibo eleitoral deveria ser feito em nome da Vital Engenharia, que faz parte do grupo Queiroz Galvão.


O partido aparece em outra mensagem com uma lista de doações para diretórios e deputados da sigla. O PP nacional consta como beneficiário de R$ 2,040 milhões. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PP relata ter recebido R$ 2,240 milhões da Vital Engenharia e R$ 500 mil da Queiroz Galvão.

O PP baiano foi outro agraciado com doações da construtora que aparece na investigação. O diretório é presidido pelo deputado Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades e apontado como um dos padrinhos da indicação de Costa na diretoria da Petrobras. Por e-mail, o executivo cobra de Yousseff um recibo de doação de R$ 500 mil. No TSE, há duas doações de R$ 250 mil cada.

O mesmo ocorre com o diretório pernambucano do PP. O executivo pede recibo para uma doação de R$ 100 mil. Das três doações registradas na Justiça Eleitoral, uma é de R$ 100 mil.

Parlamentares

Deputados do PP também são citados nos e-mails do doleiro. Nelson Meurer (PR) foi beneficiário de R$ 500 mil, Roberto Teixeira (PE) recebeu R$ 250 mil e Roberto Britto (BA) ficou com R$ 100 mil.

Todos declararam esses valores ao TSE. Aline Corrêa (SP) aparece em uma mensagem como beneficiária de R$ 250 mil. No total, ela declarou R$ 350 mil. Aline é filha do ex-presidente do PP Pedro Corrêa, condenado no processo do mensalão.

Também condenado no processo, Pedro Henry (MT) é citado como beneficiário de R$ 100 mil, valor declarado ao TSE. O ex-deputado, que renunciou após ter a ordem de prisão expedida pela Justiça, também é beneficiário de doação da Jaraguá.

E-mail enviado por Cristian Silva a Yousseff informa os dados da empresa para o recibo, sem mencionar valores. A doação registrada no TSE é de R$ 100 mil.

Além dos diretórios do PP, o PMDB de Rondônia é citado nos e-mails. Quem comanda o diretório é o senador Valdir Raupp, licenciado da função por estar à frente do PMDB nacional no lugar do vice-presidente da República, Michel Temer. O e-mail menciona R$ 300 mil dos R$ 500 mil doados pela Queiroz Galvão ao diretório, conforme o TSE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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