Dois militares venezuelanos desertam e pedem refúgio no Brasil
Os dois desertores estavam no posto de controle da fronteira perto de Pacaraima, onde foi registrado um confronto com manifestantes
AFP
Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 13h55.
Dois sargentos venezuelanos pediram refúgio no Brasil no sábado à noite (24), informaram fontes militares na cidade de Pacaraima (Roraima), um dia depois de uma frustrada operação internacional de ajuda humanitária organizada pela oposição ao governo de Nicolás Maduro.
Os dois desertores estavam no posto de controle da fronteira perto de Pacaraima, onde no sábado à noite foi registrado um confronto com manifestantes. Durante o incidente, os dois militares atravessaram a fronteira para o Brasil.
"Estávamos aqui no posto de triagem da Operação Acolhida e ontem à noite dois militares da Guarda Nacional venezuelana se apresentaram como refugiados", disse o o coronel Georges Feres Kanaan, membro da operação que atende os migrantes venezuelanos.
Os dois sargentos foram alojados em instalações da Operação Acolhida em Pacaraima e "vão iniciar os procedimentos normais de solicitação de refúgio ou residência temporária, vacinação e regularização de permanência aqui", disse Kanaan.
A região da fronteira registrou momentos de tensão no sábado, durante uma operação internacional para entregar medicamentos e alimentos na Venezuela.
A ação foi estimulada pelo líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por 50 países, entre eles Estados Unidos, Colômbia e Brasil.
No sábado, pelo menos 60 militares e policiais venezuelanos desertaram e passaram ao lado colombiano, informou o serviço de migração da Colômbia.
Neste domingo, quase 200 venezuelanos se reuniram na fronteira do lado brasileiro, diante de uma barreira de militares venezuelanos, que avançaram um pouco mais em comparação com a posição da véspera.
As ruas de Pacaraima, uma cidade de 12.000 habitantes permanecem relativamente tranquilas.
Os caminhões com oito toneladas de produtos doados por Brasília e Washington, que chegaram no sábado a esta localidade, permanecem estacionados em instalações militares da Operação Acolhida, depois que aguardaram em vão no sábado a possibilidade de atravessar a fronteira.
"Estamos tentando ver o que vai acontecer hoje, mas no momento a ajuda humanitária está resguardada pelos militares (brasileiros), não temos informação sobre qual será o próximo passo", disse à AFP Yuri Cabrera, um dos motoristas dos veículos.
O Brasil exige que a ajuda seja transportada por veículos com placas da Venezuela, dirigidos por cidadãos deste país.
Fontes da oposição venezuelana admitiram que não foi definido como entregar a ajuda e que, no momento, está descartado que os caminhões tentem entrar novamente na Venezuela.
A fronteira comum permanece fechada desde quinta-feira por ordem de Maduro.