Dodge quer tornar réus membros do PP investigados por propina
A PGR pediu o recebimento integral da denúncia de formação de organização criminosa por políticos do Partido Progressista com atuação no âmbito da Petrobras
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de março de 2018 às 12h31.
Brasília - Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge , rebateu alegações apresentadas pelas defesas e pediu o recebimento integral da denúncia de formação de organização criminosa por políticos do Partido Progressista com atuação no âmbito da Petrobrás.
Raquel Dodge afirma que o esquema de corrupção na estatal, sobretudo na Diretoria de Abastecimentos, revelado na Operação Lava Jato, gerou pelo menos R$ 377 milhões em propinas ao núcleo político composto pelos denunciados.
A denúncia do "quadrilhão do PP", como ficou conhecido este inquérito, foi feita pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot semanas antes do fim do seu mandato, em setembro de 2017. Janot também fez três outras denúncias de organização criminosa na Lava Jato - contra políticos do PT, contra membros do MDB da Câmara e contra membros do MDB do Senado.
De acordo com a procuradora, a denúncia traz provas suficientes da existência do esquema criminoso no âmbito da diretoria de Abastecimento da Petrobras que causou prejuízos que podem chegar a R$ 29 bilhões à Estatal, de acordo com acórdão do TCU. "Os grupos econômicos beneficiados pagaram a título de propina pelo menos R$ 377.267.122,83 ao núcleo político da organização criminosa composto pelos requeridos (os denunciados)", afirma.
Apresentaram resposta à denúncia, pedindo a rejeição da acusação, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) - presidente do Partido Progressista - e Benedito de Lira (PP-AL), os deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Arthur Lira (PP-AL), Eduardo da Fonte (PP-PE), José Otávio Germano (PP-RS), Luiz Fernando Ramos Faria (PP-MG) e Nelson Meurer (PP-PR), o ex-senador Francisco Dornelles (PP-MG) e os ex-deputados federais João Alberto Pizzolatti Junior, Pedro Henry e Mário Negromonte - este, ex-ministro das Cidades no governo Dilma.
A procuradora se dedica, na manifestação, a rebater alegações das defesas de que a denúncia é inepta, não descreve a atuação de cada acusado e não apresenta justa causa para abertura de ação penal.
Dodge diz que a acusação descreve de forma clara, objetiva e individualizada a atuação de cada um dos denunciados, que, segundo ela, desde 2004, utilizando-se dos mandatos parlamentares e na qualidade de membros do Partido Progressista, "integraram pessoalmente o núcleo político de uma grande organização criminosa estruturada para arrecadar em proveito próprio e alheio vantagens indevidas no âmbito da Administração Pública Federal direta e indireta".
Segundo a chefe da PFR, o grupo atuava de forma estruturada, com divisão de tarefas e que envolvia a prática de crimes em série, entre os quais, é possível mencionar fraude à licitação, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos. A legislação prevê penas superiores a quatro anos de reclusão para os crimes atribuídos aos integrantes do esquema.