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Distribuição de droga anti-HIV começa este mês

Brasil será o primeiro país da América Latina a adotar regularmente o uso do medicamento.

Aids: no Brasil, o Ministério da Saúde estima que 866 mil pessoas viviam com o HIV no ano passado (foto/Getty Images)

Aids: no Brasil, o Ministério da Saúde estima que 866 mil pessoas viviam com o HIV no ano passado (foto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 10h30.

Rio - Com o objetivo de reduzir o aumento de novos casos de HIV entre jovens gays, o governo brasileiro começa a distribuir este mês às populações mais vulneráveis a droga Truvada, capaz de prevenir a infecção pelo vírus. Será o primeiro país da América Latina a adotar regularmente o uso do medicamento.

Parte do Programa de Profilaxia Pré-Exposição (Prep), ele será oferecido gratuitamente em 35 centros de saúde de 11 estados.

São dez mil tratamentos preventivos disponíveis inicialmente. Estudo inédito, feito em parceria entre o Programa de Aids da ONU (Unaids) e o aplicativo de encontros gays Hornet, com 3.218 usuários, revelou que pelo menos 27% dos entrevistados mantêm relações sem preservativos. Segundo o trabalho, 36% estariam dispostos a usar a Prep.

Entre 2006 e o ano passado, o total de casos de aids entre homens de 15 a 19 anos praticamente triplicou, chegando a 6,7 casos por 100 mil habitantes, segundo o Unaids.

Entre homens de 20 a 24 anos, o número quase dobrou, alcançando 33,9 casos por 100 mil. Os jovens são menos propensos também a usar o preservativo.

Entre os soropositivos dessa faixa, está a menor taxa de pessoas em tratamento: 34%, ante 14% na faixa acima dos 60 anos.

"Porcentualmente, o grupo de 15 a 24 anos é onde mais tem crescido o número de casos de HIV", afirmou a diretora do Programa de Aids do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.

"Mas não é só isso: os jovens dessa faixa etária são também os que menos se cuidam. Nossa expectativa é ter um impacto significativo entre eles."

Neste primeiro momento, a Prep também será oferecida a outros grupos considerados mais vulneráveis, como profissionais do sexo, pessoas trans, usuários de drogas e aqueles que se relacionam sexualmente com parceiros soropositivos.

Mas nem todas as pessoas desses grupos são candidatas à profilaxia, alerta Adele. Por isso, os serviços de saúde farão uma triagem dos candidatos.

Os defensores da técnica dizem que a experiência brasileira será crucial para mostrar ao mundo os benefícios do investimento na prevenção.

O uso do medicamento combinado foi aprovado em 2012 pelos Estados Unidos. "Comunidades inteiras estão usando a Prep com resultados muito claros na redução de risco", diz o infectologista Estevão Portella, da Fiocruz.

Perigo

Mas os críticos do programa temem que ele estimule o sexo sem preservativos. "Não posso ser contra um medicamento que tem eficácia comprovada", ressaltou o urologista Alfredo Canalini, da Sociedade Brasileira de Urologia. "

No entanto, notamos no consultório que, com a chegada de coquetéis antiaids, quando as pessoas passaram a ter maior sensação de segurança e passaram a usar menos preservativos, vimos aumentar uma série de outras doenças, como sífilis."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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