Prisão: a Secretaria de Segurança Pública informou desconhecer os motivos da exoneração do diretor (Giuseppe Cacace/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2014 às 16h57.
Brasília - A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou nesta quarta-feira, 26, ter recebido o pedido de demissão do diretor do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Brasília, Afonso Emílio Alvares Dourado.
A exoneração foi oficializada após o Ministério Público do DF pedir a apuração de supostas regalias concedidas ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que cumpre pena na unidade há cerca de um mês.
O vice-diretor do CPP, Emerson Bernardes, também deixou o cargo, dias atrás, supostamente por não concordar com o tratamento diferenciado ao petista. Conforme reportagens da revista "Veja" e do jornal "O Globo", os dois dirigentes caíram após o vice-diretor mandar Delúbio raspar a barba.
Ele teria direito a outras regalias, como cardápio diferenciado, que inclui feijoada, e visitas fora do horário. Também teria sido motivo de embate com a cúpula da unidade prisional o fato de o carro da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde Delúbio trabalha, entrar na unidade prisional para deixá-lo, após o expediente.
A Secretaria de Segurança Pública informou desconhecer os motivos da exoneração do diretor. Disse que, no pedido, o diretor solicita o seu afastamento para voltar a exercer cargo na Polícia Civil, seu órgão de origem, sem dar detalhes dos motivos. Na manhã desta quarta-feira, 26, Afonso Emílio, que está no cargo desde 2011, ainda dava expediente no CPP.
Ao jornal O Estado de S.Paulo, ele afirmou que não comentaria os motivos de sua saída, pois não tem autorização do Governo do DF. No CPP, a assessoria de imprensa explicou que ele alegou "motivos pessoais".
Diante das suspeitas de tratamento diferenciado, o Ministério Público do DF requereu na terça-feira, 25, à Vara de Execuções Penais do DF que cobre providências ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF) a respeito. Caso não haja possibilidade de corrigir eventuais problemas, os promotores querem que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine a transferência dos presos para presídios federais.
Superfaturamento
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) ouve nesta quarta-feira, 26, em audiência, o ex-deputado José Borba também para apurar supostas irregularidades em sua pena. Condenado a 2 anos e 6 meses de cadeia, ele conseguiu trocar a prisão por pena alternativa, que inclui a compra de material de construção para o Presídio Feminino do DF. A diretoria do presídio, no entanto, desconfiou que o material estava superfaturado e pediu apuração do caso. Perícia do Ministério Público constatou que o preço do tijolo comprado pelo ex-parlamentar é três vezes o praticado no mercado.