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Dilma deve mudar um terço do ministério até janeiro

Presidente deverá promover técnicos em algumas pastas e acatar indicações políticas de aliados em outras


	Dilma Rousseff: presidente confirmou nesta semana que fará substituições na equipe até o fim do ano
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: presidente confirmou nesta semana que fará substituições na equipe até o fim do ano (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2013 às 17h51.

Brasília - Por motivos eleitorais, a presidente Dilma Rousseff deve fazer entre dezembro e janeiro mudanças em pelo menos um terço do seu ministério, promovendo técnicos em algumas pastas e acatando indicações políticas de aliados em outras. Não há previsão, porém, de mudanças no núcleo econômico do governo.

A presidente, que confirmou nesta semana que fará substituições na equipe até o fim do ano, tem tratado do tema com extrema discrição e mesmo os assessores mais próximos não arriscam apontar com certeza quem comandará os 39 ministérios em 2014.

Muitos ministros deixarão seus cargos para disputar as eleições no próximo ano e a presidente não pretende esperar o prazo final para as desincompatibilizações -- seis meses antes das eleições -- para fazer a reforma ministerial.

Uma das fontes do governo consultadas pela Reuters afirmou que haverá pelo menos 13 mudanças, considerando os ministros que sairão do governo e os que migrarão para outras pastas.

Segundo essa fonte, que falou sob condição de anonimato, Dilma usará a reforma para amarrar aliados ao seu projeto de reeleição, mas não quer nomear novos ministros apenas para facilitar a montagem de palanques estaduais.

"Tem que tomar cuidado para não misturar as frequências", afirmou essa fonte.

Novos aliados, como o recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (Pros), e partidos que já estão no ministério mas reivindicam mais pastas ou cargos de maior visibilidade, como PP e PR, são os mais interessados em vincular as negociações eleitorais à reforma ministerial.

Os ministros da Saúde, Alexandre Padilha (PT), e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel (PT), tendem a ser substituídos por integrantes de escalões inferiores.


Para o lugar de Pimentel, que provavelmente disputará o governo de Minas Gerais, deve ser indicado o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges. Para o cargo de Padilha, que deve disputar o governo de São Paulo, pode assumir o secretário de Gestão do Trabalho e Educação, Mozart Sales, que teve papel-chave na elaboração do programa Mais Médicos.

No caso do MDIC, há ainda a possibilidade de que Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, assuma a pasta, dependendo da configuração da chapa entre PT e PMDB que disputará o governo mineiro.

Apenas no caso de Padilha e Pimentel há alguma possibilidade de que a troca não ocorra até janeiro, segundo uma outra fonte do Executivo. Os dois não têm mandatos parlamentares e teriam que passar todo período pré-eleitoral sem o destaque que os cargos lhes conferem.

A mudança mais aguardada na Esplanada dos Ministérios, porém, ocorrerá na Casa Civil. A ministra Gleisi Hoffmann (PT) retomará seu mandato de senadora e provavelmente disputará o governo do Paraná.

Três nomes vêm sendo ventilados entre os assessores presidenciais para a pasta, uma das mais cobiçadas do governo: Aloizio Mercadante, atual ministro da Educação; Miriam Belchior, ministra do Planejamento; e o secretário-executivo da Previdência, Carlos Eduardo Gabas.

Mercadante é o nome mais forte neste momento, segundo uma das fontes do governo. Mas sua indicação depende do papel que exercerá no núcleo de campanha de reeleição de Dilma.

PMDB

O maior partido da coalizão governista, o PMDB, deve ter pelo menos dois de seus cinco ministros substituídos. Antônio Andrade, ministro da Agricultura, e Gastão Vieira, ministro do Turismo, ambos deputados federais, devem tentar a reeleição.


A expectativa da bancada, segundo seu líder na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), é manter o comando de duas pastas no próximo ano. "Talvez não as mesmas", disse ele à Reuters.

Cunha, porém, disse que ainda não discutiu as substituições com o governo e que é "muito cedo" para isso. Ele acrescentou que não será fácil encontrar algum deputado que não queira disputar a reeleição no ano que vem e, talvez, seja necessário apadrinhar alguma indicação técnica.

O PMDB também deve ganhar mais uma vaga na Esplanada com a entrada do senador Vital do Rêgo (PB) no Ministério da Integração Nacional, que era comandado pelo PSB, que deixou a coalizão do governo para lançar o presidente da legenda e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência.

Nas próximas semanas, Dilma deve se reunir com o vice-presidente Michel Temer para conversar sobre a reforma ministerial.

O presidente do PT, Rui Falcão, também deve começar a falar com as bancadas do partido nas próximas semanas para depois levar as indicações a Dilma.

A surpresa da reforma ministerial pode ficar por conta da substituição da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que nos últimos meses aumentou seu prestígio junto à presidente.

Recentemente, segundo uma fonte do governo, ela confidenciou a assessores próximos que ficará no cargo até dezembro. Uma outra fonte do Executivo, porém, disse que a mudança seria uma surpresa, porque Dilma tem avaliado muito bem o trabalho de Ideli.

Também deve haver trocas nos Ministérios das Cidades, do Desenvolvimento Agrário, dos Portos, da Pesca e Aquicultura e dos Direitos Humanos.

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