Diante de onda de queimadas, Lula anuncia criação da Autoridade Climática
Estrutura era promessa de campanha do presidente sugerida por Marina Silva, mas havia sido deixada de lado
Agência de notícias
Publicado em 10 de setembro de 2024 às 21h11.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira, em visita ao Amazonas, que o seu governo irá criar uma Autoridade Climática para enfrentar as tragédias provocadas pelas mudanças climáticas.
A criação da nova estrutura era uma promessa de campanha assumida por Lula no momento da adesão de Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, à sua candidatura em 2022.
Enfrentamento de riscos climáticos extremos
"Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos (riscos climáticos extremos). Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal", disse o presidente, durante encontro com prefeitos para anúncio de medidas de combate à seca no estado.
Lula acrescentou que o "objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir de um plano nacional de enfrentamento aos riscos climáticos extremos ".
Autoridade Nacional para Mudanças Climáticas
Pela proposta apresentada na eleição, a Autoridade Nacional para Mudanças Climáticas teria como objetivo acompanhar as medidas tomadas pelo governo para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Após a vitória, a proposta foi deixada de lado, principalmente devido à restrição orçamentária.
Lula viajou ao Amazonas acompanhado dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente), José Múcio Monteiro (Defesa), Nísia Trindade (Saúde), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
Críticas à gestão anterior
Durante o discurso, o presidente criticou a gestão de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que o plano anterior para o meio ambiente "estava claro: era abrir a porteira para deixar o gado passar". Lula ressaltou que "podemos criar gado sem destruir a floresta e o planeta".
A Amazônia registra chuvas abaixo da média histórica desde julho. Nas últimas semanas, os focos de incêndio levaram cidades e territórios indígenas a serem tomados pela fumaça. Em 27 de agosto, foram registrados 1.516 focos de queimadas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): 39% no Pará, 29% no Amazonas, 12% no Acre, 10% em Rondônia e 8% no Mato Grosso.
Em julho, a Amazônia viveu o pior mês desde o início da série histórica de queimadas, em 1998. Além do desmatamento, o bioma enfrenta uma seca severa pelo segundo ano consecutivo.
Ao longo do dia, Lula e os ministros visitaram comunidades atingidas pela seca no interior do estado.