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Desmatamento da Amazônia cai 70% em janeiro; ambientalistas citam aumento de chuvas

O Ministério da Defesa atribuiu a queda à operação Verde Brasil 2, iniciada em maio de 2020 e na qual militares vêm atuando no combate aos crimes ambientais na Amazônia

 (Rickey Rogers/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 12h34.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h35.

O desmatamento da Amazônia registrou queda de 70% em janeiro deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), uma redução que o governo atribui à atuação dos militares na região, mas que ambientalistas afirmam que pode estar relacionada às condições meteorológicas no período.

Segundo os dados do Inpe, o sistema Deter, que aponta alertas de desmatamento na Amazônia em tempo real, mostrou 86 quilômetros quadrados de área desmatada em janeiro, contra 284 quilômetros quadrados registrados em janeiro de 2020.

Em nota, o Ministério da Defesa atribuiu a queda à operação Verde Brasil 2, iniciada em maio de 2020 e na qual militares vêm atuando no combate aos crimes ambientais na região amazônica.

"Do início da operação até janeiro deste ano, foram apreendidos 331 mil metros cúbicos de madeira, 1.699 embarcações, 326 tratores e 20 aviões/helicópteros, resultando na aplicação de 4.842 multas e totalizando o valor de 3,33 bilhões de reais", disse a pasta em nota.

Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, entretanto, a atuação do governo não é uma explicação para a queda do desmatamento em janeiro, e o aumento das chuvas na região parece ser um motivo mais plausível para o resultado.

"Olha, o número diminuiu, mas esses anúncios do governo parecem mais um ato de desespero para pegar qualquer notícia de redução do desmatamento e colocar isso na conta de ações do governo. Não existe nenhuma ação nova do governo, ou eficiente, que possa ter levado à redução do desmatamento. O Exército que está lá é o mesmo que estava nos meses que o desmatamento aumentou", disse Astrini.

"É muito mais provável que essa retração do dado agora em janeiro tenha a ver com condições meteorológicas de aumento de chuva, por exemplo", acrescentou.

Astrini lembrou que, apesar da queda em janeiro, que ele afirma não ser possível de analisar isoladamente para se ter um panorama do que pode vir a acontecer na floresta, o acumulado entre agosto do ano passado e janeiro deste ano ainda representa o segundo pior período dos dados do Deter disponibilizados pelo Inpe.

O período entre agosto de um ano e julho do ano seguinte é apontado por especialistas como o ano-referência para a medição do desmatamento da Amazônia.

Entre agosto de 2020 e janeiro deste ano, o desmatamento apontado pelo Deter foi de 3.772 quilômetros quadrados, uma queda de 20,7% em relação ao acumulado entre agosto de 2019 e janeiro de 2020, mas uma elevação de 65,5% na comparação com agosto de 2018 a janeiro de 2019 e de 94% quando comparado com agosto de 2017 a janeiro de 2018.

"Não tem muito o que se comemorar não. Nós estamos ainda com uma taxa altíssima no acumulado do desmatamento e não existe nenhuma política do governo que indique que vai ser colocado e prática algo para reverter esses números tão grandes", avaliou Astrini, lembrando que janeiro tradicionalmente é um mês em que o desmatamento não costuma ser elevado.

Nesta semana, o vice-presidente Hamilton Mourão, que também presidente o Conselho Nacional da Amazônia Legal, reiterou que a atuação dos militares na região será encerrada ao final de abril e que, a partir daí, a fiscalização será concentrada em 11 municípios da região onde, segundo ele, ocorrem 70% dos crimes ambientais.

O presidente Jair Bolsonaro vem sendo pressionado dentro e fora do Brasil por causa do aumento do desmatamento da Amazônia, assim como das queimadas na região da floresta tropical e no Pantanal.

A gestão ambiental do governo tem sido apontada como um entrave, por exemplo, para a concretização de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia e também tem potencial de elevar as tensões entre o governo brasileiro e a gestão do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que colocou o meio ambiente e as mudanças climáticas no topo de sua agenda.

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