Brasil

Desinformação e condição do clima mantêm Brumadinho apreensiva

Hoje, por volta das 5 horas da manhã, diversos moradores foram retirados de casa, inclusive com ajuda da Polícia Militar

Barragem se rompe e lama invade Brumadinho, na Grande BH: até o momento foram registradas 37 mortes e resgatados 192 sobreviventes (Washington Alves/Reuters)

Barragem se rompe e lama invade Brumadinho, na Grande BH: até o momento foram registradas 37 mortes e resgatados 192 sobreviventes (Washington Alves/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de janeiro de 2019 às 14h12.

Brumadinho - Com a falta de informações, o risco de rompimento na barragem 6 e as condições climáticas que dificultam os resgates de vítimas, os moradores de Córrego do Feijão, localidade mais próxima da barragem da Vale em Brumadinho que rompeu na sexta-feira, 25, estão apreensivos.

Hoje, por volta das 5 horas da manhã, diversos moradores foram retirados de casa, inclusive com ajuda da Polícia Militar, por conta dos riscos de rompimento da segunda barragem.

Os moradores questionam a necessidade da retirada, mas os que ficam questionam como vão retomar a rotina, já que estão sem água e telefone, o acesso mais usado foi destruído e um outro acesso, que passa pela área da Vale, está fechado.

A moradora Sandra Gonçalves, de 40 anos, chegou a passar mal e foi atendida pelos socorristas e pela psicóloga Rozane Marques, que estava como voluntária no local. "A pressão dela foi a 16 por 10 e ela não tem problema de pressão. Além de ter sido retirada de casa, ela chorava pela prima que morreu no acidente da barragem. Era uma pessoa que dava suporte a ela e não está mais aqui", contou a psicóloga.

Retirado de casa pela Polícia ainda de madrugada, Nelson José da Silva qualificou de covardia a iniciativa e diz que pretende ficar. Ele está com a filha, que é enfermeira da Vale, desaparecida. Reclama que a tragédia destruiu a principal estrada de acesso à localidade, o que vai impedir as pessoas de trabalharem a partir de manhã, primeiro dia útil após o desastre. Ele diz que a Vale precisa abrir o outro acesso, que passa por dentro da área da empresa. "É covardia da Vale. Não tem risco dessa barragem estourar e a quantidade de água que tem lá não oferece risco."

O aposentado Hélio Gonçalves Maia, de 74 anos, foi retirado de casa por volta de 5h, quando ainda estava escuro. A filha, Núbia Maia, mora em Conselheiro Lafayete, mas foi para a Córrego com o marido e a filha de 2 anos, para ajudar os pais. Ela usou o carro para tirar os pais e outros parentes. "A gente não esperava o que aconteceu, mas mesmo se a água subir, é um pouco difícil chegar lá em casa", disse.

Apesar da dúvida, a maior parte dos moradores está acatando a determinação. Sirlei Gonçalves da Silva, que está com o marido, terceirizado da Vale, desaparecido, deixou própria casa com duas bolsas. "Eles mandaram pegar algumas coisas e disseram que vão levar a gente para algum lugar", disse, chorando. "Não como há três dias", completa.

Dezenas de carros e Policiais Militares de Minas Gerais chegaram na manhã de hoje à Córrego do Feijão. Eles trabalhampara evitar qualquer tipo de acesso às áreas atingidas pela lama da barragem da Vale, que rompeu na sexta-feira, e para retirar moradores de suas casas, ameaçadas pelo rompimento de outra barragem de água. De acordo com voluntários do local, o risco de rompimento aumentou na manhã de hoje.

Enquanto isso, os bombeiros passaram praticamente toda a manhã parados. Primeiro, eles esperavam a melhora das condições climáticas, já que uma forte neblina atingia a região. De qualquer forma, qualquer tipo de acesso por terra está proibido. As poucas tentativas estão sendo feitas por meio de helicóptero.

Acompanhe tudo sobre:Brumadinho (MG)ClimaDesastres naturaisMortes

Mais de Brasil

Quem são as vítimas da queda de avião em Gramado?

“Estado tem o sentimento de uma dor que se prolonga”, diz governador do RS após queda de avião

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado