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Deputado reitera que sofreu pressão de Aécio para nomear delegado da PF

Osmar Serraglio diz que trechos das gravações entre Aécio e Joesley Batista, da JBS, deixam claro que ele se recusou a ceder às pressões do senador mineiro

Aécio Neves: senador falou para Joesley Batista que estava insatisfeito com Serraglio porque ele não controlava a PF e a Operação Lava Jato (Evaristo Sá/AFP)

Aécio Neves: senador falou para Joesley Batista que estava insatisfeito com Serraglio porque ele não controlava a PF e a Operação Lava Jato (Evaristo Sá/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2018 às 17h59.

Última atualização em 20 de abril de 2018 às 18h02.

O deputado Osmar Serraglio (PP-PR) afirmou na última terça-feira 17, no plenário da Câmara, que sofreu pressões dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (MDB-AL) quando era ministro da Justiça.

O discurso ocorreu durante julgamento do caso de Aécio no Supremo Tribunal Federal (STF) que o tornou réu por corrupção passiva e obstrução de justiça. Nesta sexta-feira, 20, ao ser questionada, a assessoria de imprensa de Serraglio reiterou a acusação.

Serraglio diz que trechos das gravações telefônicas entre Aécio e Joesley Batista, dono da JBS, deixam claro que ele se recusou a ceder às pressões do senador mineiro que tinha objetivo emplacar um novo delegado da Polícia Federal de sua preferência. No diálogo, o senador mineiro aparece chamando Serraglio de um "bosta do c****".

Ele falou para Joesley que estava insatisfeito com Serraglio porque, de acordo com o senador, ele não controlava a PF e a Operação Lava Jato. A partir dessas conversas e de depoimentos da delação de executivos do grupo J&F, o STF aceitou a denúncia contra Aécio esta semana.

"Pressões semelhantes advieram do Senador Renan Calheiros, ex-Presidente do Congresso Nacional, multi-investigado pela Polícia Federal", continuou o deputado em plenário.

Segundo Serraglio, as pressões sofridas foram algumas das razões que "instabilizaram" sua permanência na Pasta. Ele foi demitido do Ministério da Justiça no ano passado em meio aos rumores de que poderia ser citado em delação premiada da Operação Carne Fraca.

Em nota, Renan disse que "não se prestaria a falar" com Serraglio. "Pelo contrário... virei oposição ao governo Temer justamente quando ele assumiu o ministério indicado, e teleguiado, pelo Eduardo Cunha. Quem conhece minimamente a política sabe que eu jamais me relacionei com esse grupo. Pelo visto, esse Osmar continua com a carne fraca", disse Renan.

Desde a indicação de Serraglio como ministro da Justiça, Renan fez diversas críticas sobre uma suposta atuação de Eduardo Cunha (MDB-RJ) no governo mesmo após ter sido preso pela Operação Lava Jato. Segundo Renan, Serraglio seria um dos aliados do ex-presidente da Câmara.

Já a defesa do senador Aécio afirmou que ele "jamais" tentou interferir na nomeação de delegados para a condução de qualquer inquérito. "Essa questão é afeita exclusivamente à PF, que não se submete a esse tipo de ingerência", justificou.

O advogado do tucano, Alberto Zacharias Toron, defendeu que todas as conversas que Aécio teve sobre o tema foram "no sentido de mostrar seu inconformismo com inquéritos abertos sem qualquer base fática, em especial, com a demora em serem concluídos, levando a um inevitável desgaste".

Além disso, o advogado afirma que o senador mineiro procurou Osmar Serraglio para desculpar-se sobre "termos inadequados utilizados para referir-se" ao então ministro da Justiça.

"Com relação aos termos inadequados utilizados para referir-se ao então ministro, em conversa privada criminosamente gravada pelo Sr Joesley Batista, o senador telefonou diretamente a ele à época, desculpando-se pelas expressões utilizadas", afirmou o comunicado. A defesa de Aécio reafirma "não ter havido nenhuma atitude imprópria de sua parte e lamenta que isso possa ter sido entendido de forma diversa".

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