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Deputado expulso do PSB diz que decisão é "autoritária e repressora"

Atíla Lira, do Piauí, votou a favor da reforma da Previdência, contrariando orientação do partido

Átila Lira: "Desde quando ingressei no partido, com Eduardo Campos, que eu expressava minhas posições" (Cleia Viana/Agência Câmara)

Átila Lira: "Desde quando ingressei no partido, com Eduardo Campos, que eu expressava minhas posições" (Cleia Viana/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de agosto de 2019 às 11h54.

São Paulo — Expulso do PSB por votar a favor da reforma da Previdência na Câmara, o deputado Atíla Lira (PI) disse considerar a atitude "tipicamente autoritária e repressora". "Vão usar minha expulsão para ameaçar os outros", afirmou ele em relação aos outros nove parlamentares da legenda que sofreram sanções por serem favoráveis à proposta.

Esse grupo foi salvo da expulsão em reunião do partido nesta sexta-feira, mas teve suas funções partidárias e parlamentares suspensas por um ano. Lira ganhou a punição mais severa porque, segundo o PSB, é reincidente e divergiu da orientação da legenda na maioria das votações no Congresso.

O senhor esperava que o partido fosse tomar essa decisão?

Não estava esperando. Tinha ideia de que a minha narrativa de defesa era convincente em todos os aspectos, como liberdade de mandato. Achava que o partido, dado o grande número de deputados que votaram (a favor da reforma da Previdência), teria uma decisão de censura, mas nunca de suspensão e exclusão das prerrogativas, como foi feito.

Por que o senhor não foi fazer sua defesa de forma presencial hoje na reunião do partido?

Não fui, porque tinha ideia de como se configurou que era uma coisa organizada para tomar uma decisão assim repressora. É um partido antigo, ai eles se organizam de uma forma solidária. Antes tinha Eduardo Campos que tinha uma liderança, hoje não tem. Foi uma decisão tipicamente autoritária e repressora. Vão usar minha expulsão agora para ameaçar os outros.

O senhor chegou a conversar com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, nesta semana?

É um diálogo difícil. Simplesmente o comportamento dele era o antigo, do tipo não quer diálogo. Disse que eu deveria me relacionar apenas com a comissão (do Conselho de Ética do partido) e mesmo assim a comissão funcionou sem diálogo.

Como o senhor viu a decisão que foi tomada para os demais deputados que votaram a favor?

Os outros são de primeiro mandato e o partido vai perder a qualidade desses deputados que são criativos e inovadores. É uma coisa que prejudicial.

O partido alegou que o senhor já vinha há muito tempo divergindo das posições do PSB.

Desde quando ingressei no partido, com Eduardo Campos, que eu expressava minhas posições. Minhas decisões são abertas, votei no Rodrigo (Maia, para a presidência da Câmara) e nas matérias reformistas. Vou dar prosseguimento a isso.

Por que o senhor votou a favor da reforma da Previdência?

Por uma questão de equilíbrio fiscal. De sustentabilidade douradora. A previdência é o gasto público mais relevante, depois de pessoal. Tínhamos de atualizar essa reforma. Conseguimos mudar a questão dos professores, dos rurais. Não adotamos capitalização. Uma emenda do PSB foi aprovada.

O que o senhor deve fazer agora? Já tem um novo partido?

Como eu não esperava, eu agora vou receber a notificação, vou examinar se tem algum recurso que possa resolver. Se não tiver vou ver qual é o melhor partido. Tem muitos partidos e me dou muito com essas lideranças e deputados. Sempre tem convite.

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