O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) é um dos nomes que aparecem na delação (Foto/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de outubro de 2016 às 15h12.
Última atualização em 22 de outubro de 2016 às 21h59.
São Paulo - O empresário e advogado Felipe Rocha Parente, um dos delatores da Lava Jato, informou em depoimentos sigilosos prestados à Procuradoria-Geral da República todo o roteiro do esquema de "delivery" de parte dos recursos - como, quando, onde e senha - desviados da Petrobras para os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), segundo a revista Veja.
No caso de Renan, o código para a entrega da propina era "Lua". A revista Época também trata da delação de Parente em sua edição desta semana.
O empresário se apresentou à força-tarefa como entregador de propina do PMDB. De acordo com a publicação, as declarações dele permitiram aos procuradores aprofundarem as investigações sobre o braço peemedebista no esquema de corrupção da Petrobras.
O PMDB tinha o comando da Transpetro, uma subsidiária da estatal presidida na época por Sérgio Machado, e cobrava um porcentual sobre todos os contratos de prestação de serviços da empresa. Em dez anos, de acordo com a reportagem, foram arrecadados R$ 100 milhões em propina e somente Renan teria ficado com R$ 32 milhões.
Parente declarou que os valores eram entregues a um intermediário do Senado, quase sempre em encontros marcados em hotel discreto ou restaurante, no Rio de Janeiro. Uma das intermediárias, de acordo com a revista, era Iara Jonas, que trabalha no Senado e estava lotada no gabinete do senador paraense há 22 anos.
Procurado pela revista, Renan negou ter recebido "valores de quem quer que seja e que a chance de se encontrar irregularidade em suas contas pessoas ou eleitorais é de zero". Renan disse que desconhece o delator Parente. O senador Barbalho também negou ter recebido propina da Transpetro. Iara Jonas não foi localizada.