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Eventual delação de Cunha preocupa políticos em Brasília

Após a prisão do ex-deputado federal nesta quarta-feira (19), clima entre aliados no Congresso é de apreensão

Eduardo Cunha: prisão de ex-presidente da Câmara preocupa deputados aliados

Eduardo Cunha: prisão de ex-presidente da Câmara preocupa deputados aliados

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 19 de outubro de 2016 às 15h14.

Última atualização em 19 de outubro de 2016 às 16h39.

São Paulo — A reportagem de EXAME.com apurou que, após a prisão de Eduardo Cunha nesta quarta-feira (19), pela Polícia Federal, a preocupação entre os aliados mais próximos do ex-deputado é de uma eventual delação premiada. Há também rumores de que possa haver uma prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também no âmbito da Operação Lava Jato.

Após a prisão do ex-deputado, o Salão Verde da Câmara estava repleto de parlamentares opositores de Cunha dispostos a conversar com os jornalistas. No entanto, era pequeno o número de aliados do ex-presidente da Casa vistos andando pelo local.

Questionado por EXAME.com, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB),  afirmou que "não estava sabendo de nada". Na sequência, disse que não faria comentários sobre o assunto.

Um dos poucos deputados próximos de Cunha a falar foi Paulinho da Força, do Solidariedade. Ele afirmou que o ex-deputado já esperava a prisão e que ação da PF não o pegou de surpresa. "Tenho certeza que Cunha não faria delação premiada enquanto solto. Agora, preso, que é uma nova condição, não posso garantir que ele não faça delação", afirmou.

Já para Waldir Maranhão (PP), que encerrou a sessão da Casa minutos após a prisão de Cunha, a decisão de uma delação premiada "é de foro íntimo e cabe ao ex-deputado".

Para opositores, delação pode atingir governo

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) acredita que PMDB e governo federal devem ser os principais afetados diante de uma eventual delação. Se isso acontecer, ele acredita que a "República como um todo pode se desestruturar". “Todos que deram proteção a ele e o mantiveram no comando da Casa devem estar preocupados. Muitos parlamentares devem estar tremendo”, afirmou o deputado.

Já o deputado Alessandro Molon (Rede) reforçou o fato dos partidos Rede e PSOL terem sido “patrocinadores do processo de cassação”. Assim como Ivan Valente, Molon também acredita que o Congresso e a República “vão tremer” com uma eventual delação de Cunha.

O deputado federal Carlos Araújo (PSD-BA), que presidiu o Conselho de Ética que julgou o processo de cassação de Cunha, afirmou que “ver um ex-presidente da Casa ser preso é lamentável”. “Sinto pena por ver a situação que está chegando o sistema político”, disse Araújo. 

Segundo Henrique Fontana, do PT, é importante que as delações de empresários de empreiteiras também sejam liberadas. Para o deputado federal, isso poderia mostrar a real participação do governo Temer, do PMDB e do PSDB em escândalos de corrupção. “Isso derrubaria o governo”, afirmou.

Para Silvio Costa (PTdoB), essa prisão “representa o começo do fim do governo de Michel Temer”. “Não respeito nenhum deputado que votou em Cunha para a presidência da Câmara. Todos eles sabiam do histórico de de corrupção”, disse.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pediu a palavra durante sessão na Câmara e anunciou a prisão do deputado cassado no plenário da Casa. Para EXAME.com, ele afirmou que o próprio Cunha tinha pedido para ser preso depois das 6h. "Obedeceram e foram quase meio dia. Foi tardia essa prisão. Ela foi pedida por Moro ontem no final da tarde", afirmou.

O deputado também acredita que uma eventual delação de Cunha possa comprometer os aliados do peemedebista. "Cunha sabe muito, sabe tudo. Teve cafuné do governo anterior e desse governo. Pode implicar muita gente. Deve revelar tudo à Justiça", afirmou.

Alencar acredita ainda que Cunha aceite fazer uma delação como tentativa de diminuir uma possível condenação. "Ele está em uma situação de abandono. Os negócios que ele fez com seus traidores devem vir à tona. A podridão do sistema tem que ser enfrentada com coragem", disse Alencar.

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