Brasil

Defesa de Lula diz que Delcídio fez acusação para obter "benefícios"

10.ª Vara de Brasília absolveu Lula no processo em que ele era réu por, supostamente, ter comprado o silêncio do ex-diretor da Petrobas Nestor Cerveró

Lula: defesa do ex-presidente afirmou, na nota, que o juiz reconheceu que "há deficiência probatória para sustentar qualquer juízo penal reprovável" (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Lula: defesa do ex-presidente afirmou, na nota, que o juiz reconheceu que "há deficiência probatória para sustentar qualquer juízo penal reprovável" (Patricia Monteiro/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de julho de 2018 às 20h08.

São Paulo - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 12, em nota, que sempre demonstrou que a acusação por crime de obstrução de Justiça se baseou em versão criada pelo ex-senador Delcídio do Amaral (MS) para obter "benefícios" em acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF).

No Distrito Federal, a 10.ª Vara de Brasília absolveu Lula no processo em que ele era réu por, supostamente, ter comprado o silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobas Nestor Cerveró. O caso estava concluso para sentença desde novembro e teve origem no acordo de colaboração de Delcídio.

A defesa do ex-presidente afirmou, na nota, que o juiz reconheceu que "há deficiência probatória para sustentar qualquer juízo penal reprovável" por parte dele e afastou a acusação de que Lula teria tentado impedir ou modular a delação premiada de Cerveró. O comunicado diz que, durante o processo, o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, assim como as demais testemunhas ouvidas - de acusação e defesa - "jamais" confirmou qualquer participação do ex-presidente em atos com o objetivo de interferir na delação premiada de Cerveró. A defesa disse que a inexistência de prova de culpa foi reconhecida pelo MPF, que também pediu a absolvição de Lula nas alegações finais.

Já o advogado Délio Lins e Silva, defensor do ex-chefe de gabinete de Delcídio Diogo Ferreira Rodrigues, que também foi absolvido, declarou que a justiça foi feita. Nas palavras de Silva, todas as ações de Rodrigues foram praticadas a mando do ex-senador, sem o cliente ter "noção de que pudesse estar fazendo algo errado, além do que sempre colaborou com a Justiça no sentido de ver os fatos devidamente esclarecidos".

Também em nota, os advogados José Paulo Sepúlveda Pertence, Sônia Ráo e Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, constituídos por André Esteves, disseram que "desde o início já afirmavam reiteradamente a absoluta confiança na absolvição". Os advogados enfatizam que "a prisão inicial era completamente desnecessária e abusiva".

"A 10.ª Vara Federal acaba de soltar a sentença no processo de obstrução de Justiça ABSOLVENDO André Esteves. Importante ressaltar que o Ministério Público Federal havia pedido a absolvição por inexistir qualquer indício de responsabilidade de Esteves", afirmaram os defensores. "A defesa, desde o início, já afirmava reiteradamente a absoluta confiança na absolvição."

Leia a íntegra da nota da defesa de Lula:

"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi absolvido hoje (12/07) da acusação do crime de obstrução de justiça (art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013). A sentença foi proferida pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª. Vara Federal Criminal de Brasília.

O juiz reconheceu que 'há deficiência probatória para sustentar qualquer juízo penal reprovável' por parte de Lula, afastando a acusação de que Lula teria tentado impedir ou modular a delação premiada de Nestór Cerveró, ex-diretor da Petrobrás.

A defesa do ex-Presidente Lula sempre demonstrou que a acusação se baseou em versão criada por Delcídio do Amaral para obter benefícios em acordo firmado com o Ministério Público Federal. Durante o processo, Cerveró, assim como as demais testemunhas ouvidas - de acusação e defesa -, jamais confirmaram qualquer participação de Lula em atos objetivando interferir na delação premiada do ex-diretor da petrolífera.

A inexistência de prova de culpa foi reconhecida pelo MPF, que também pediu a absolvição de Lula em suas alegações finais.

A sentença absolutória proferida em favor de Lula nesta data evidencia ainda mais o caráter ilegítimo das decisões que o condenaram no caso do tríplex. Enquanto o juiz de Brasília, de forma imparcial, negou valor probatório à delação premiada de Delcídio do Amaral por ausência de elementos de corroboração, o juiz de Curitiba deu valor absoluto ao depoimento de um corréu e delator informal para condenar Lula.

Espera-se que a Justiça também prevaleça no caso do tríplex, para restabelecer a liberdade plena de Lula e também para reverter a decisão condenatória lá proferida com base unicamente em depoimento de corréu interessado em fechar acordo com o Ministério Público Federal em busca de benefícios.

CRISTIANO ZANIN MARTINS"

Leia a íntegra da nota dos advogados de Esteves:

"A 10.ª Vara Federal acaba de soltar a sentença no processo de obstrução de Justiça ABSOLVENDO André Esteves. Importante ressaltar que o Ministério Público Federal havia pedido a absolvição por inexistir qualquer indício de responsabilidade de Esteves.

A defesa, desde o início, já afirmava reiteradamente a absoluta confiança na absolvição.

É importante, neste momento, deixar claro mais uma vez que a defesa reconhece que é um dever do Estado investigar; porém, toda e qualquer investigação deve ser feita dentro do devido processo legal, sem espetacularização e sem excessos.

No caso concreto, a prisão inicial era completamente desnecessária e abusiva. E, neste momento em que a Justiça se faz, a defesa reforça sua confiança no Poder Judiciário e enaltece sua independência.

José Paulo Sepúlveda Pertence, Sônia Ráo e Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay"

Acompanhe tudo sobre:Delcídio do AmaralLuiz Inácio Lula da SilvaNestor Cerveró

Mais de Brasil

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos