Brasil

Defesa de Lula aposta em "decisão do STF" para anular condenação

Advogados do ex-presidente alegaram que o juiz federal Sérgio Moro não tinha competência legal para conduzir a ação do tríplex

Luiz Inácio Lula da Silva: defesa do ex-presidente aposta em decisão da 2ª Turma do STF para anular nos tribunais superiores a condenação do petista (Victor Moriyama/Getty Images)

Luiz Inácio Lula da Silva: defesa do ex-presidente aposta em decisão da 2ª Turma do STF para anular nos tribunais superiores a condenação do petista (Victor Moriyama/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 26 de abril de 2018 às 12h01.

Brasília - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposta em decisão recente da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) para reforçar os argumentos a fim de tentar anular nos tribunais superiores a condenação do petista no processo do tríplex do Guarujá, no litoral paulista.

A decisão do STF que determinou a retirada de trechos das delações de executivos da Odebrecht nas ações penais referentes à compra de um terreno para o Instituto Lula e à reforma do sítio de Atibaia, tomada 18 dias após a prisão de Lula, que cumpre pena de 12 anos e 1 mês em regime fechado, foi considerada como "importante" para os defensores do petista.

Os advogados do ex-presidente alegaram, nos recursos que apresentaram no início da semana ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região para que os casos sejam analisados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo STF, que o juiz federal Sérgio Moro não tinha competência legal para conduzir a ação do tríplex.

Nos três processos, a argumentação da defesa é semelhante: as supostas vantagens --a construção do instituto, a reforma do sítio e o tríplex-- não têm ligação direta com desvios da Petrobras. Essa alegada ligação é que justifica a competência para Moro conduzir as ações.

"O fato indiscutível é que não há correlação entre os desvios praticados na Petrobras e o custeio da construção do edifício ou, ainda, das supostas reformas realizadas no tal tríplex - que, por sua vez, não tem relação jurídica com o recorrente", sustentam os advogados do presidente nos recursos especial (ao STJ) e extraordinário (ao STF).

Nas ações do instituto e do sítio, o STF determinou apenas a extração das citações feitas por delatores da Odebrecht, deixando a condução deles nas mãos de Moro. A defesa do ex-presidente, porém, cobrou na quarta-feira de Moro a transferência dos dois processos para a Justiça Federal de São Paulo e, como consequência, a nulidade dos dois casos também.

Nos recursos ao STJ e STF contra a condenação do tríplex, os advogados pedem que, por Lula ter sido julgado por um "juiz de exceção", no caso Moro, todo o processo têm de ser anulado.

"Foi uma competência construída de forma artificial e contra o que estabelece a Constituição e as leis do país. Não só o processo do tríplex, como as demais ações que tramitam em Curitiba padecem de manifesta nulidade", afirmou o advogado Cristiano Zanin à Reuters.

"Penso que, sem dúvida alguma (a decisão do STF), reforça esse fundamento dos recursos apresentados (aos tribunais superiores) ao reconhecer que, sem a existência de vínculo real e palatável, não há que se cogitar a competência da Justiça Federal de Curitiba", completou.

"Desde o início alegamos que o Moro não é o juiz natural, mas forçaram. Agora vão dizer o quê? Que vai atrapalhar a Lava Jato? O Supremo decidiu e vamos ver também o que fazemos nos processos lá embaixo", afirmou outro integrante da equipe de defesa do ex-presidente, sob a condição do anonimato.

Na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República disse, por meio da assessoria de imprensa, que deve recorrer da decisão da 2ª Turma do STF, possivelmente apresentando embargos de declaração, a fim de verificar o alcance da decisão do colegiado.

Os procuradores da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba atacaram a decisão do Supremo, chamando-a de "superficial", e minimizaram as implicações dela para os casos em curso em Curitiba.

Cristiano Zanin, que também contestou no mérito nos recursos ao STJ e ao STF a condenação de Lula, afirmou que a defesa pretende apresentar em breve outros recursos a fim de reverter a prisão do ex-presidente. Por ora, ele não quis adiantar quais serão apresentados.

"Todos os meios serão utilizados até porque a situação requer essa providência, a privação da liberdade de uma pessoa é o valor mais importante depois da vida", disse.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaPrisõesSTJSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Desde o início do ano, 16 pessoas foram baleadas ao entrarem por engano em favelas do RJ

Justiça suspende revisão que permitiria construção de condomínios nos Jardins

Dino convoca para fevereiro audiência com nova cúpula do Congresso para discutir emendas

Em decisão sobre emendas, Dino cita malas de dinheiro apreendidas em aviões e jogadas por janelas