(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 11h50.
O Senado sabatina nesta quarta-feira, 13, o ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga do Supremo Tribunal Federal (STF) deixada por Rosa Weber. Para ter seu nome validado, Dino precisa ser aprovado por 41 dos 81 senadores no plenário da Casa.
A expectativa do governo é que o nome de Dino seja aprovado com até 53 votos, enquanto a posição prevê 30 votos contra. Na história do Supremo, criado em 1890, apenas cinco indicados tiveram o seu nome rejeitado pelo Senado, todas ocorreram em 1894, no governo do marechal Floriano Peixoto.
O caso mais emblemático aconteceu com Cândido Barata Ribeiro, que teve o seu nome reprovado quando já atuava como ministro da Corte. Na época, era autorizado que o indicado assumisse a função antes de o Senado decidir sobre a indicação.
Barata Ribeiro, médico-cirurgião, professor da faculdade de medicina do Rio e figura influente no país, foi obrigado a deixar o casarão da Rua do Passeio, no Rio, onde os juízes da alta corte despachavam, após dez meses no cargo. Ele é conhecido também por ser tio-avô do comediante Agildo Ribeiro, além de dar nome a uma rua de Copacabana.
O motivo da rejeição de Barata Ribeiro, segundo documentos da época, foi por ele não ter formação jurídica. Floriano havia feito a nomeação aproveitando-se de uma brecha na lei. A Constituição de 1891 exigia dos ministros do STF “notável saber” — sem especificar o tipo de saber.
Depois de Barata Ribeiro, Floriano indicou onze nomes para o STF. O Senado rejeitou quatro. Dois deles também não tinham formação em direito: Ewerton Quadros, general que havia sido decisivo para o fim da Revolução Federalista, e Demóstenes Lobo, diretor-geral dos Correios. Os outros recusados eram graduados em direito, mas não chegavam a ser expoentes do mundo jurídico: o general Galvão de Queiroz e o subprocurador da República Antônio Seve Navarro.
Nunca foi divulgado os motivos exatos que levaram o Senado a não aceitar as indicações. As sessões eram secretas, e as atas se perderam. A divulgação do parecer sobre Barata Ribeiro foi uma exceção para a época.
Com o passar dos anos, todas as Constituições posteriores deixaram claro que os ministros do STF precisariam ter notável saber “jurídico”. O processo no Senado foi aperfeiçoado, com sessões públicas, e o indicado passou a ser sabatinado pelos senadores.
Com informações da Agência Senado.